Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Yelp e TripAdvisor lançam ataque contra Google

O Yelp e o TripAdvisor desfecharam um ataque conjunto ao Google. As duas empresas americanas de internet, que fornecem resenhas sobre serviços locais como hotéis e restaurantes, estão por trás do “Focus on the user” [algo como foco no usuário], a campanha a ser lançada hoje e destinada a chamar a atenção para a maneira pela qual o Google remete às suas próprias resenhas e recomendações.

O esforço ocorre na expectativa das audiências de confirmação de Margrethe Vestager, a nova comissária de defesa da concorrência da União Europeia (UE), que herdará uma investigação antitruste altamente carregada de acusações contra o Google, o maior grupo de internet do mundo.

As esperanças deste gigante americano de que o encerramento da investigação, desencadeada por reclamações de quase 20 concorrentes como Microsoft e o site de viagem Expedia, estaria iminente foram frustradas este mês – Joaquín Almunia, o comissário antitruste da UE em fim de mandato, rejeitou a terceira versão do Google de uma oferta de acordo destinada a encerrar o processo.

Yelp e TripAdvisor alegam que Google promove seus próprios serviços em seus resultados de busca pela internet.

As duas empresas argumentam que os resultados do Google+, o site de rede social com 540 milhões de usuários frequentes, aparecem regularmente próximos do alto das buscas, o que levou as concorrentes a denunciar a falta de igualdade de condições.

Durante conversações com Bruxelas, o Google se ofereceu para dar às concorrentes uma exposição melhor, mas negou a prática de qualquer delito. Os defensores da empresa desqualificaram as afirmações contra ela como desprovidas de mérito.

Aumento de tráfego

O Google, procurado pelo “Financial Times”, preferiu não comentar.

A empresa foi alvo de uma enxurrada de críticas das concorrentes e de políticos europeus neste ano.

Günther Oettinger, que se prepara para se tornar o comissário digital da UE, disse ao jornal alemão “Der Spiegel” na semana passada: “Temos de limitar o poder de mercado do Google”.

Isso ocorreu depois que a News Corp, o grupo de mídia que controla os jornais “The Wall Street Journal” e “The Times”, enviou uma carta à Comissão Europeia em que chamava o Google de “parasita”.

O Google revidou em mensagem postada num blog, na qual a empresa se referiu às alegações do Yelp como defesa contra as acusações da News Corp: “Empresas como o Yelp contestam o fato de fornecermos respostas diretas às perguntas dos usuários”.

Mas o Yelp, que também é um dos reclamantes da investigação como um todo, disse não ser essa sua crítica.

“Não contestamos o fornecimento, pelo Google, de respostas diretas às perguntas dos usuários; contestamos o fato de essas respostas serem exclusivamente movidas pelo Google+, para prejuízo dos consumidores”, disse Vince Solllitto, vice-presidente de questões públicas do Yelp.

O Google vem sendo frustrado por empresas que o retratam como uma ameaça existencial, ao mesmo tempo em que se beneficiam do aumento do tráfego para seus sites e serviços propiciado pela ferramenta de busca.

Em recente avaliação de resultados com os investidores, Jeremy Stoppelman, principal-executivo (CEO) do Yelp, disse que o grupo registrara um aumento do tráfego gerado pelo Google após a ferramenta de busca ter incorporado melhorias ao seu algoritmo.

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Duncan Robinson e Alex Barker, do Financial Times, em Bruxelas