Em 2007, Steve Jobs estava com 52 anos quando anunciou o iPhone. Anos depois o cofundador da Apple lançou o MacBook Air, a App Store e o iPad. Tim Cook, que tinha 51 anos quando assumiu o cargo de Jobs, continua o seu legado. Ambos derrubaram o mito segundo o qual são os jovens que comandam o setor de tecnologia.
Mas os capitalistas de risco do Vale do Silício falam abertamente da sua preferência pelos jovens.
“Aqueles com menos de 35 anos são os que fazem as coisas mudarem: aqueles com mais de 45 basicamente morrem em termos de novas ideias”, disse Vinod Khosla, um importante investidor, durante conferência da qual participei.
Referindo-se à idade dos empreendedores financiados por capitalistas de risco, o investidor Paul Graham disse ao The New York Times que “na cabeça dos investidores a idade limite é 32 anos; acima de 32 eles ficam um pouco céticos”. Ele admitiu que pode ser “enganado por alguém parecido com Mark Zuckerberg”. Outros vão mais além e afirmam que os empreendedores da internet chegam ao seu apogeu aos 25 anos.
O culto da juventude é tão poderoso que o bilionário Peter Thiel anunciou em setembro de 2010 que pagaria a alunos de faculdade US$ 100.000 para abandonarem os estudos. Em vez de “desperdiçarem” anos valiosos na escola, e depois terem de arcar com “uma enorme dívida”, disse ele, eles poderiam “se concentrar em tecnologias avançadas que levarão a civilização ao próximo nível”.
O resultado desta preferência é que empreendedores mais velhos são frequentemente rechaçados, ao passo que os mais jovens recebem toda a atenção e financiamento. Isto vem afetando o setor de capital de risco e também o Vale do Silício, porque esses estereótipos são falsos.
Uma pesquisa sobre empresas de tecnologia bem-sucedidas feita por uma equipe liderada por mim nas Universidades de Duke e Harvard, em 2008, focalizou apenas empresas que nasceram numa garagem e estavam gerando receitas de no mínimo US$ 1 milhão. Essa pesquisa revelou que a idade média e mediana dos fundadores era 39.
Num projeto posterior, analisamos os antecedentes de 549 empreendedores de sucesso em 12 setores de forte crescimento. A idade média e mediana dos fundadores deste grupo era de 40 anos e uma proporção significativa tinha mais de 50.
Experiência
Existem hordas de jovens fundadores de startups no Vale do Silício e alguns abandonaram a escola para abrir sua empresa. Os capitalistas de risco coletivamente investem bilhões nestes jovens. Mas a vasta maioria dessas empresas recém-abertas fracassa, porque não existe nenhum substituto para experiência e conhecimento.
O que torna um empreendedor bem-sucedido, como revelou a pesquisa feita pela minha equipe, é trabalho, experiência no setor e capacidade administrativa. E tudo isto vem com a idade. A inexperiência e imaturidade do jovem é uma razão pela qual o sucesso dos capitalistas de risco tem sido insatisfatório.
Em 2012, a Kauffman Foundation analisou dados de investimento de 20 anos de 10 fundos de capital de risco. E concluiu que a grande maioria deles obteve um retorno menor do que nos mercados públicos.
O experimento de Peter Thiel, oferecendo pagar alunos de faculdade para abandonarem os estudos não resultou na criação de nenhuma startup revolucionária. A Fundação Thiel redesenhou seu programa, que agora oferece uma educação alternativa para as crianças.
A afirmação de que somente o jovem pode realizar grandes mudanças foi refutada não só pela Apple, mas também por fundadores, inventores, inovadores e executivos de praticamente todas as grandes empresas de tecnologia, como Google, LinkedIn, Salesforce.com, Qualcomm e Intel.
A Qualcomm, por exemplo, foi fundada por Irwin Jacobs quando estava com 52 anos e Andrew Viterbi, com 50. E não é verdade que as pessoas “morrem em termos de novas ideias” quando se aproximam dos 45 anos, ou que “os jovens são simplesmente mais inteligentes”, como disse o diretor executivo do Facebook, Mark Zuckerberg ao público que o ouvia em Stanford em 2007.
Claro que os jovens empreendedores estão em posição de vantagem no que se refere à mídias sociais e criação de aplicativos. Eles entendem essas novas tecnologias melhor do que seus pais pois cresceram usando-as. E é mais fácil criar códigos para um celular do que aprender como motivar e inspirar os funcionários, administrar as finanças e produtos de mercado. Comandar uma empresa requer todas essas habilidades.
É por isso que empreendedores mais velhos têm mais sucesso. À medida que os baby boomers se familiarizarem com as tecnologias do celular e da internet, como seus filhos, seguramente, se tornarão um forte concorrente.
Além disso, eles também têm um maior poder de compra e melhor compreensão dos mercados para as tecnologias da próxima geração.
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Vivek Wadwhwa, do Washington Post