Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A força móvel

Minhas filhas adolescentes quase não usam o Facebook. No máximo, a rede social serve para falar com colegas sobre assuntos da escola. O e-mail então, quase não veem. Para muitos da faixa etária delas, o principal meio de comunicação são aplicativos de celular. Isso não quer dizer que o Facebook esteja mal com esse público. Depois de ter comprado o Instagram e o WhatsApp, acabou concentrando boa parte da comunicação dos adolescentes. Outro aplicativo importante para quem tem menos de 20 anos é o Snapchat, que também foi alvo de negociação do Facebook.

Esse comportamento reflete a transição do mundo dos computadores para o dos dispositivos móveis. Na semana passada, o Instagram anunciou ter atingido a marca de 300 milhões de usuários por mês, ultrapassando o Twitter. O aplicativo de fotos do Facebook aumentou sua audiência mensal em 100 milhões de usuários num período de nove meses. Apesar desse crescimento, o Instagram ainda é o que tem menos usuários entre os aplicativos da rede social. O Messenger tem 500 milhões, o WhatsApp 600 milhões e o Facebook móvel 1,1 bilhão.

A guinada para a mobilidade é acentuada em consumidores mais novos, mas pode ser observada em toda a indústria. Devem ser vendidos 52 milhões de smartphones no Brasil neste ano, segundo projeção da consultoria IDC. Esse número representa 74,8% dos celulares que devem ser comercializados por aqui. A virada do mercado, em que os aparelhos inteligentes se tornaram maioria, ocorreu no ano passado, quando os smartphones foram 52,9% do total, com 36 milhões de unidades. Ou seja, num ano, houve crescimento de 44% nas vendas de smartphones.

Mais privacidade

O mesmo fenômeno pode ser observado no mercado de microcomputadores. Devem ser vendidos 9,9 milhões de tablets no País neste ano, comparados a 3,9 milhões de computadores de mesa e 6,6 milhões de computadores portáteis. A venda de tablets deve avançar 19% em 2014, frente a uma queda de 31% em desktops e de 20% em notebooks.

Com seus dispositivos móveis, as pessoas têm produzido e compartilhado cada vez mais fotos, áudio e vídeo. Elas escrevem pouco e, por isso, o smartphone e o tablet são suficientes. Mesmo no WhatsApp, tem gente que prefere gravar mensagens de voz e transmiti-las, no lugar de escrevê-las. Mas, se é assim, por que não telefonar de uma vez? Porque a natureza assíncrona dos serviços de mensagens facilita as coisas. Você grava o que quer dizer e envia. A pessoa do outro lado ouve e responde quando tiver tempo.

Grupos de amigos que foram criados no Facebook migraram para o WhatsApp. A rede social permite esconder os grupos de quem não esteja participando, mas, mesmo assim, o WhatsApp acaba oferecendo uma sensação maior de privacidade.

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Renato Cruz é colunista do Estado de S.Paulo