Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Redes sociais para aprender idiomas

O austríaco Bernhard Niesner e o suíço Adrian Hilti se conheceram em 2007 quando faziam MBA no Instituto de Empresa de Madri. Juntos redigiram um projeto de final de mestrado que, anos mais tarde, converteu-se na maior rede social de aprendizagem de idiomas do mundo, com 50 milhões de usuários registrados em mais de 200 países. A obsessão de Niesner era simplificar a forma de aprender uma língua. O resultado ganhou o nome de Busuu.com.

Seu conhecimento das técnicas de marketing e o princípio básico de diferenciar-se da concorrência talvez tenha sido o que os levou a escolher esse nome para seu site. O busuu é uma língua africana falada por apenas oito pessoas e em perigo de extinção. Aos 12 idiomas que podem ser aprendidos gratuitamente (inglês, alemão, espanhol, francês, italiano, português, russo, mandarim, japonês, árabe, polonês e turco) soma-se o busuu. Tirando o aspecto exótico de seu nome, essa plataforma, lançada em 2008, funciona de maneira muito semelhante ao Facebook: o usuário se registra, envia convites de amizade e cria grupos para trocar correções de textos, traduções ou simplesmente para praticar uma língua com pessoas que a falam como seu idioma materno.

O Busuu.com tem por volta de 40.000 usuários únicos por dia. “As vantagens de aprender online são infinitas: está disponível 24 horas por dia e pode ser usado de casa ou dentro do ônibus. Não existe horário de abertura.” Outro dos benefícios, explica Niesner, é a aprendizagem colaborativa. Os usuários também corrigem textos de outros alunos e por isso não são só estudantes, mas tutores de seu próprio idioma. “Ao ajudar outra pessoa, perde-se a vergonha e o medo de aprender.” A conversação poder ser via webcam, áudio ou somente por texto através de um chat.

Nesta página da Internet, aproximadamente 30.000 textos são corrigidos diariamente por usuários de diferentes partes do mundo. “Acontece como na Wikipédia, existem pessoas que corrigiram centenas de textos somente por paixão.” O Busuu.com está crescendo em países emergentes, como o Brasil, a Rússia ou a China.

Uma pessoa gasta 3.044 reais em média ao longo de sua vida para aprender um idioma, de acordo com uma pesquisa que Niesner e seu sócio Hilti realizaram durante seus anos na Espanha. “A vantagem dessa rede social é que pode-se ir subindo de nível sem pagar. Só é preciso predisposição e tempo”, ressalta o empreendedor austríaco por telefone, de Londres, onde se encontra sua sede na qual trabalham 30 funcionários. Tanto através da web como do aplicativo (disponível para Android e Apple), é possível acessar lições interativas gratuitas, exames ou testes de compreensão de leitura que abrangem desde o nível A1 até o B2 (segundo o Marco Comum Europeu de Referência para as Línguas).

Além dos conteúdos gratuitos, a inscrição em uma conta Premium oferece unidades temáticas específicas (de gramática ou vocabulário), vídeos e um acesso a um software de inteligência artificial que detecta os erros e pontos frágeis do usuário e propõe exercícios personalizados. O preço por uma inscrição de dois anos está por volta de 6 euros (18 reais) por mês.

Como toda a rede social, o Busuu.com também tem alguns inconvenientes. Para Marta Pàmies, catalã de 49 anos, alguns só a utilizam para paquerar. “É preciso ser crítico ao escolher seus amigos e, se perceber que eles não corrigem textos ou que não se preocupam com sua forma de falar, é melhor retirá-los de sua lista.” Essa trabalhadora social utiliza o site há mais de dois anos para melhorar seu inglês e começar a aprender francês.

Uma das grandes dificuldades para aprender um idioma é a fluidez, aprender a falar de maneira espontânea. Christine Appel, diretora do eLearn Center da Universidade Oberta da Catalunha (UOC), defende que um dos benefícios das plataformas online que dispõem de ferramentas que permitem ao usuário gravar as conversações é conseguir identificar os próprios erros. “O poder de escutar a si mesmo é enorme; o impacto para não repeti-los”. Outra virtude é que permite a cada um estudar no seu ritmo e parar os vídeos ou os áudios quantas vezes quiser.

O Airbnb dos professores de idiomas

Kevin Chen, co-fundador do Italki, define sua plataforma como o Airbnb dos professores de idiomas. Lançada em 2007 e com sede em Xangai, esse site coloca os usuários em contato com cerca de 5.000 docentes de 100 línguas diferente tanto com graduação universitária como sem ela (estes são chamados de community teachers). Como no Busuu.com, o registro é gratuito, mas cada professor fixa um preço, que está por volta de 27 reais por hora. “Depende do idioma, o francês geralmente é mais caro que o chinês”, diz Chen, norte-americano que abandonou Washington DC para montar esse site com um sócio chinês. O Italki não disponibiliza unidades didáticas, mas uma rede de mais de um milhão e meio de usuários para praticar idiomas gratuitamente, através do Skype.

Chen também é um apaixonado pelo aprendizado de línguas. “Estudei francês durante dez anos nos Estados Unidos e não era capaz de falá-lo. Em todo esse tempo nunca tive uma conversação com um francês. Quando cheguei à China, em dois anos já era capaz de me comunicar. A chave para aprender é manter diálogos reais com nativos”, explica.

Além dos contatos, o Italki oferece artigos disponibilizados pelos professores, como os erros típicos cometidos pelas diferentes nacionalidades. É possível também trocar textos com outros perfis para sua correção ou tradução.

Livemocha

Com 16 milhões de usuários registrados, essa rede social permite entrar em contato com nativos e praticar 35 idiomas. Nesse site, os usuários falam entre eles, corrigem exercícios ou criam mini-lições. Tudo gratuitamente. Diferentemente de outros lugares, o Livemocha aposta na gamificação (aprender brincando). É possível ganhar pontos corrigindo os exercícios de outros ou ajudando com revisões de textos e traduções. Esses pontos podem ser trocados pelo acesso às lições pagas. É tão simples como criar um perfil, especificar que idioma fala e quais quer aprender.

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Ana Torres Menárguez, do El País