No mundo novo da publicidade nas redes sociais, seis segundos é o 30 segundos da vez. Plataforma de criação e compartilhamento de vídeos de seis segundos que se repetem em looping, o Vine tem atraído cada vez mais marcas que buscam uma linguagem mais descontraída para interagir com consumidores adolescentes.
Adquirido pelo Twitter ainda no nascedouro há pouco mais de dois anos, o Vine comemorou recentemente 40 milhões de usuários no mundo. A empresa não divulga dados de Brasil, mas o crescimento no último ano tem sido bastante expressivo e o Vine acaba de produzir sua primeira celebridade brasileira com mais de 1 milhão de seguidores: Lucas Rangel, 17.
De Belo Horizonte, Rangel grava com o celular vídeos de humor em que interpreta, com a ajuda de cortes de edição, dois ou três personagens (geralmente a mãe, o professor, um amigo ou uma menina burra).
Para comemorar o primeiro milhão de fãs de Rangel, a Coca-Cola promoveu uma festa no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (30), com a exibição de uma seleção de seus melhores vines. Foram distribuídos 2.100 ingressos gratuitos, que se esgotaram em menos de três minutos.
Rangel produz e cria vines para as marcas e diz que já assinou “mais de cem” campanhas, no Brasil e no exterior. Atualmente tem contrato de um ano com a Coca-Cola e faz trabalhos regulares para McDonald’s, Disney, Bradesco, entre outros.
Ele é o que os publicitários chamam de influenciador, pessoas com muitos seguidores que conferem credibilidade e ajudam a endossar uma marca.
Os influenciadores comercializam seus conteúdos na forma de posts, vídeos e selfies com produtos ou serviços, nem sempre de forma explícita. Para as marcas, é uma forma poderosa de atingir consumidores fora do intervalo comercial.
“Rangel é daquelas pessoas, assim como Dilma Bolada, capazes de levar uma #hashtag para a lista dos tópicos mais falados do Twitter muito rápido”, diz diretor de estratégia de marca do Twitter Brasil, Pedro Porto.
“O Vine está em uma curva ascendente no Brasil. Vamos ver se segura”, diz Felipe Iacocca, sócio da iFruit, empresa que cria campanhas e agencia influenciadores.
Segunda tela
No Brasil, o vine tem sido usado em ações para a “segunda tela”, para engajar consumidores durante a exibição de programas de grande audiência na TV.
A Claro montou um estúdio com uma equipe de criadores e de mídia para acompanhar em tempo real o The Voice Brasil. Ao longo de três meses, a equipe produziu 50 vines que foram compartilhados pelo Twitter e outros canais da operadora.
“As postagens com vine foram as que tiveram maior engajamento de toda a campanha”, diz Antonio Ferreira, o diretor da Ogilvy, responsável pela ação para a Claro.
Gigantes de olho
A resposta do Facebook para o vine são os vídeos de 15 segundos no Instagram, rede de compartilhamento de foto.
No Brasil, o Instagram ainda está livre de propaganda, mas nos EUA já é possível, desde o final do ano passado, pagar para promover fotos e os vídeos de 15 segundos.
O mercado publicitário espera a liberação para o mercado brasileiro neste semestre ainda. Procurado, o Facebook diz que não há previsão.
>> Humor leve conquista 1 milhão de seguidores www.folha.com/no1583338
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Mariana Barbosa, da Folha de S.Paulo