Tuesday, 24 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

WikiLeaks critica Google por entregar dados ao governo americano

O WikiLeaks criticou o Google nesta segunda-feira [26/1], alegando que a companhia esperou cerca de dois anos e meio para notificar seus integrantes de que havia entregado seus dados pessoais, como e-mails, ao governo dos EUA.

Em um documento endereçado ao Google, advogados representantes do WikiLeaks disseram que ficaram “abismados e perturbados” com as ações da companhia relacionadas a mandados de busca recebidos de autoridades federais americanas, e pediu um detalhamento total das informações que a empresa entregou ao governo.

A entrega de dados pelo Google seguiu a divulgação de informações vazadas pelo ex-funcionário terceirizado da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden detalhando práticas controversas de vigilância do governo americano, e garantias dadas por empresas de tecnologia de que fariam o possível para guardar com segurança informações pessoais de seus usuários.

“Enquanto é tarde demais para os nossos clientes receberem a notificação que eles já deveriam ter recebido, eles ainda têm direito a uma lista das informações que o Google repassou ao governo, e uma explicação da empresa sobre o por que demorou dois anos e meio para informá-los do ocorrido”, dizia a carta do Centro de Direitos Constitucionais, em nome do WikiLeaks e endereçada ao diretor-executivo do Google, Eric Schmidt, e o conselheiro geral Kent Walker.

Fundada por Julian Assange, a organização WikiLeaks ganhou destaque em 2010, quando publicou diversos documentos governamentais secretos, incluindo informações diplomáticas americanas.

Atitude legal

O Google, cujos serviços incluem o buscador da web mais usado no mundo e a popular plataforma de e-mail Gmail, notificou três membros da organização em 23 de dezembro de 2014 de que havia entregado “todo o conteúdo dos seus e-mails, informações de assinaturas, metadatas e outros conteúdos” a autoridades do governo há dois anos, de acordo com a carta.

O Google respondeu a mandados relacionados a acusações de espionagem, conspiração e roubo de conversas privadas do governo americano, entre outros itens.

Em uma declaração nesta segunda-feira, o Google disse que adota uma política de informar aos seus usuários sobre pedidos governamentais, exceto “em casos limitados, como quando impedido por uma ordem judicial, o que, infelizmente, acontece com frequência”. A companhia afirmou ainda que tem pressionado para revelar todos os documentos relacionados à investigação.

A carta do WikiLeaks comparou a atitude do Google com aquela tida pelo Twitter, a quem elogiou por lutar contra ordens governamentais para notificar aos seus usuários sobre ordens judiciais.

Na carta, os advogados do WikiLeaks pedem ao Google para fornecer detalhes sobre se inicialmente tentou desafiar os mandados de busca antes de obedecê-los, e se tomou qualquer atitude legal para notificar os seus usuários a respeito dos mandados.