Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A ordem é dificultar

Sr. Marcos Marques de Oliveira, concordo com o seu artigo ‘O Globo e a privatização da informação’. É isso mesmo. A mídia só deixa quase intacta a parte do governo ligada à economia e às finanças. O resto é na peia. É muito fácil perceber isso. Entendo que seja porque nessas outras partes é que o governo Lula pode ou tenta mostrar (se eles deixarem) a sua marca. E quem seria Lula para deixar a sua marca? A elite desse país, apoiada por essa mídia privatizada, acha que já fez um grande favor em ter ‘permitido’ que Lula ganhasse as eleições. A ordem do dia é tornar, a cada dia, mais difícil a vida do governo e, pra isso usam todos os artifícios midiáticos possíveis.

Fatima Barros, funcionária pública, Fortaleza



Até que ponto é chantagem?

Vale lembrar que a organização citada no título da matéria está solicitando ‘benefícios financeiros’ ao BNDES. Até que ponto a mídia ‘chantageia’ o governo? Seria de extrema valia para sociedade brasileira ver este assunto debatido com imparcialidade por jornalistas e público.

Marcio Romano, contador, Rio de Janeiro



Vítimas de interesses

De há muito somos vítimas dos interesses escusos dos grandes da informação, tanto impressa como eletrônica (rádio, TV e internet), desvirtuando o jornalismo e causando enorme dano à sociedade. O cidadão comum prefere não acreditar em mais nada que lê, vê ou escuta, do que sentir-se mais tarde lesado e auto-recriminar-se por sua credulidade. O artigo toca num ponto muito importante da tal ‘privatização da informação’: as notícias sobre o Banco Central sob o comando de Henrique Meirelles e o Ministério da Economia do ministro Palocci. Um e outro vêm estrangulando a economia nacional até deixá-la moribunda, pedindo socorro ao FMI, que acode solicito com mais um ilusório empréstimo, mas na verdade é mais um meio de arrancar nossas riquezas que restam, subjugar ainda mais o povo à política neocolonial das grandes potências (bélicas). Então distorcem a notícia em si, desvirtuam interesses maiores da sociedade e acabam tumultuando a cabeça dos cidadãos. A técnica é velha: dividir para governar!

Marcos Pinto Basto

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O Globo e a privatização da informação – Marcos Marques de Oliveira



Leitor, não ‘olhador’

É oportuna e correta a abordagem sobre as ilusões que fizeram do jornal, que foi criado para ser lido, uma coisa para se ver. Ver e virar a página, ver de novo e virar a pagina e, de tanto virar a página, o leitor acaba se enjoando, pois ele é leitor, não ‘olhador’. Sem saudosismo e muito menos resistência aos processos de reformas gráficas (acho que a valorização do branco, por exemplo, tem dado bons resultados, desde que na medida necessária), sou obrigado a concordar com o pesquisador Schoenbach. Sou do tempo em que o jornal pautava a TV, informava e ditava o ritmo para os colegas dos demais veículos.

Só para ilustrar esta concordância, cito o exemplo de meu ex-sogro, o carioca mineiro da Tijuca Ernani Ferreira, um cidadão culto, funcionário federal aposentado com certo poder aquisitivo, que passou quase duas décadas lendo o JB diariamente. Era o seu preferido, mandava cartas para a redação comentando o que achava apropriado. E, me lembro, quando o JB resistiu a implantar cores, quando os outros já pintavam o sete, o Dr. Ernani dizia: ‘Viu? Isso sim é que é jornal.’ Depois de alguns anos sem saber dele, vim a reencontrá-lo recentemente lendo (e assinando) o Globo. Pois é, o Dr. Ernani, que pendia muito mais para a linha editorial do velho JB e muito menos para o global O Globo, explicou-se dizendo exatamente isso: ‘Quero jornal para ler’.

Se é estereótipo ou não, sei lá, mas é um típico exemplo do leitor que os jornais vêm perdendo em nome de uma modernidade burra, de uma lei de mercado furada, como bem comprova o pesquisador Schoenbach, e – como passei a prestar mais atenção nos dois jornalões cariocas – também prova a sobriedade gráfica e conteúdo (destaquem-se os colunistas) do Globo em comparação, mesmo que a grosso modo, com o Jornal do Brasil, que continua sendo um bom jornal mas não tem mais a assinatura do Dr. Ernani.

Robinson Nogueira, jornalista, Toledo, PR



Afastados do povo

Os devidos encômios à matéria. Os jornais brasileiros – e especialmente os jornalistas – afastaram-se do povo. Se fizermos uma relação – na capital paulista – entre população, alfabetização e venda de jornais, veremos que relativamente há uma queda de circulação para todos os títulos. Há 35 ou 40 anos, o homem das ruas se reconhecia nos jornais. E era capaz de uma boa caminhada, todos os dias, até a banca para comprar o vespertino ou o matutino. Hoje a banca fica muito mais próxima. Fazemos jornalismo hoje como se a população fosse constituída por universitários. E, dessa forma, a grande massa se desinteressa pelos jornais. Meu caro Luciano, pergunte ao Zé Ninguém o que é taxa Selic, o que é PIB. Ele não sabe e nem precisa saber. E nós, jornalistas, julgamos que se trata da coisa mais importante do mundo. Pode até ser. Mas não será para o Zé Ninguém. Meu velho, a arte do jornalismo acabou.

Carlos Gilberto Alves, jornalista, São Paulo