O jornalismo não é mais somente o jornalismo. Mesmo com o número de títulos crescendo em um ritmo aparentemente saudável, a audiência de jornais em circulação despenca a cada dia. Entre os inúmeros motivos, podemos destacar o incômodo formato do papel, a ausência de interatividade, notícias não atualizáveis em tempo real e, é claro, o fato de que os leitores estão no mundo digital. O leitor off-line agora está, mais do que nunca, online.
Porém, há um fator positivo na transposição das ações jornalísticas do papel para a internet. Com as possibilidades quase infinitas do online, o jornalismo conseguiu maximizar suas ações e, com isso, dar amplitude na sua principal essência: informar o maior número possível de pessoas em um ritmo constante e frenético, tornando-se, de fato, uma ferramenta capaz de decidir e mover a história em tempo real.
Essa sensação de infinitude se deve ao fato de que no tempo do impresso havia uma ausência colossal de opções quando o assunto era fontes alternativas de informações. A limitação a pouquíssimos títulos fazia com que os leitores também se limitassem quanto a visões diferentes sobre um determinado assunto. Poucas fontes de conteúdo forçavam poucos questionamentos ousados sobre um tema.
Feitiço contra o feiticeiro
Com as redes sociais, os leitores conseguem um maior número de reflexões e em tempo quase que real, tornando possível a obtenção de fontes renováveis e alternativas de informações. Uma variedade que obriga jornais e revistas a reformularem suas publicações nuas e cruas, já que com um leque maior de análises, mais e maiores questionamento surgirão a respeito de como foi produzida tal matéria, quais foram as fontes, como foi a posição ideológica do veículo. São novos tempos para novos públicos.
Aliás, um público literalmente novo a cada momento, pois já que com a internet é possível que um leitor consiga fontes diversas sobre um tema, é na internet que será possível um jornal encontrar fontes diferentes de público. Se antes os leitores se limitavam a regiões demográficas e classes sociais capazes de adquirir um jornal, hoje é possível atravessar fronteiras, idiomas e, principalmente, atingir diferentes camadas socioeconômicas.
Da mesma maneira que o mundo digital veio para impactar – de certa forma negativamente – é no digital que estão as resposta para um novo jornalismo. O jornalismo digital tem a capacidade de usar o próprio meio que imputa mudanças para reerguer-se e colocar-se novamente como fonte inquestionável de credibilidade, profissionalismo e, acima de tudo, conteúdo analítico de qualidade. Para os gurus apocalípticos de plantão, é o feitiço se virando contra o feiticeiro.
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[Cleyton Carlos Torres é jornalista, blogueiro, pós-graduado em Assessoria de Imprensa, Gestão da Comunicação e Marketing e pós-graduando em Política e Sociedade no Brasil Contemporâneo]