Rafael Evangelista apresentou no último dia do Fórum Internacional Software Livre (FISL) a proposta do Jornalismo Open Source. É um paralelo à programação de código aberto – conhecida como software livre, ou open source – onde as linhas de código do programa são abertas e permitem que qualquer um que conheça a linguagem modifique o programa.
No caso do jornalismo, a proposta é que todas as fontes usadas para redigir a reportagem estejam abertas, disponíveis, permitindo inclusive novas reportagens a partir das mesmas fontes.
Seria algo mais ou menos assim: para escrever uma reportagem, o repórter faz cinco entrevistas, tira 20 fotos e lê uns 15 textos. No final, sai um texto de duas laudas onde entraram apenas 3 entrevistas e uma foto. A diferença é que estaria disponível para o leitor a íntegra de todas as cinco entrevistas (em texto ou áudio, ou os dois), as 20 fotos e os 15 textos originais.
Leituras diversas
Assim, pode-se reconstruir todo o processo de criação da reportagem, mostrando inclusive o viés editorial pelo qual o repórter optou na hora de construir seu texto. Mais: permite que o leitor se aproprie do processo e modifique a reportagem – ou construa outra, com base no material original.
Diz Evangelista:
‘No software livre, todo o código-fonte é compilado de acordo com uma arquitetura. No processo jornalístico também funciona a compilação. Lê-se as fontes e depois gera um texto – como uma versão executável de um programa. A leitura das fontes não é unívoca. O jornalista destaca o que prefere. Se você faz uma abertura das fontes, permite que outras pessoas recompilem outros textos. Fatos iguais podem ter leituras diferentes a partir de quem os lê.’
Seguindo a sugestão, vai aqui, em áudio, a íntegra do que ele disse, transformando isso num post-jornalístico-open-source.
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Jornalista multimídia; www.andredeak.com.br