Os sites especializados em monitoramento de negócios na internet estão cheios de notícias sobre negociações bilionárias envolvendo nomes ultraconhecidos na web, no que já está sendo chamado de segunda bolha da era cibernética. A primeira foi inflada no final dos anos 1990 e explodiu na virada do século, deixando, em todo mundo, um cemitério de empresas virtuais.
Há insistentes rumores de que a empresa de leilões virtuais eBay, o maior site de comércio eletrônico do planeta, estaria por assumir o controle do Skype [o que de fato se consumou, e o anúncio oficial feito na segunda-feira, 12/9], responsável pela enorme popularização das conversas telefônicas via internet, num negócio que pode chegar a 3 bilhões de dólares.
Outra meganegociação em curso envolveria a compra da Reuters, a maior agência de notícias do mundo, pelo Google, o maior site de buscas da web, por um valor ainda desconhecido, mas que seguramente terá no mínimo nove digitos.
Há pouco o Yahoo comprou 40% das ações do site de chinês de buscas Alibaba por 1 bilhão de dólares, numa negociação na qual o governo de Beijing assumiu o controle da sucursal, em Hong Kong, do segundo maior sistema de buscas da web mundial.
Às favas, os escrúpulos
Quase todas essas negociações têm em comum um fator: são corporações americanas comprando empresas estrangeiras, num fenômeno que especialistas em mercados financeiros explicam como movimentos estratégicos para se antecipar a uma inevitável recessão econômica nos Estados Unidos, a partir de 2006. O mercado chinês é visto como a jóia da coroa nesta esperada nova era de vacas magras.
Daí a explicação para o fato do site Yahoo! ter ajudado na prisão do jornalista Shi Tao, em abril deste ano, fato que só foi denunciado agora pela organização francesa Repórteres Sem Fronteiras. Tao, de 37 anos, foi acusado pelo governo chinês de mandar informações sigilosas para uma publicação norte-americana, e sua condenação a 10 anos de prisão aconteceu na época em que o site Yahoo! negociava a compra do Alibaba.
Para fechar um bom negócio com os chineses, o Yahoo! esqueceu sua política de privacidade e revelou o endereço eletrônico pessoal usado por Shi Tao para mandar sua matéria para o site Democracy Fórum (em caracteres chineses), em Nova York. [Postado às 5h56 de 8/9/2005]