Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A ética no rádio

A palavra ética, muito usual nos dias atuais, está se esvaindo e cedendo lugar a trasgos de baixarias, palavras de duplo sentido, procedimentos indignos, ou pérfidos, sórdidos e situações decorrentes de radialistas que esqueceram que o rádio foi programado para educar, e não deseducar. Por incrível que pareça, a pornografia tornou-se banal no meio radiofônico de Fortaleza. O rádio deve ter uma linha de ação norteadora a todos os que têm compromisso com o microfone. Não só o repórter, o redator, mas principalmente o locutor, deve mensurar o que vai expor aos seus ouvintes. O radialista, seja qual for o seu campo de atuação, tem o dever de cultivar a precisão, a clareza, a objetividade, a seriedade. O que menos se vê em alguns programas de rádio aqui em Fortaleza é a seriedade e, quando se reclama, eles afirmam que o povão gosta.

O jornalista Armando Figueiredo diz que o radialista tem que ter plena noção de que milhões de brasileiros, nas áreas urbanas e rurais, dependem da massa de informações que lhes proporciona o rádio, que tão profundamente influi na sua formação para criar juízos próprios e, assim, assumir e manter cidadania (qualidade ou estado de cidadão).

Mais do que uma bela voz, o locutor tem que exercer a cidadania com ética e educação, esquecer os palavrões e as histórias de mau gosto e a banalização da pornografia. Fortaleza possui uma Associação de Ouvintes de Rádio (Aouvir), exercendo um papel preponderante na qualificação dos grandes programas e na escolha dos bons profissionais do rádio. Aqueles radialistas que se destacam são premiados com um diploma em sessão solene, na casa de Juvenal Galeno. É uma instituição séria composta por pessoas de boa índole, não remuneradas, visto que trabalham com amor e dedicação, e com objetivo precípuo de obtermos um rádio de qualidade.

Missão de moralização

O poder de agressão não faz o gênero do radialista. No último dia 23 de setembro de 2005, a Associação foi surpreendida por um festival de impropérios desferido por um radialista que trabalha na maior rede de radiodifusão do Ceará. Intrigou-nos o motivo de tais agressões, pois nosso grupo não procura fazer caçada às bruxas nem tem o intuito de perseguição. Pelo contrário, nosso objetivo primordial é fazer e colaborar para que tenhamos um rádio de qualidade com profissionais competentes e que se destaquem fora da terrinha. A informação sem preconceitos , sem ridicularização, deve servir e interagir com respaldos jornalísticos e fazer parte do écran, do rol sinonímico da radiodifusão.

Autor desse desfecho triste e lamentável: o radialista Paulo Oliveira. Não queríamos citar nomes aqui nessa matéria, mas a bestialidade está se tornando tão banal que nos restou a missão de dar nome àqueles que desvirtuam a missão do radialista, jogando nuanças negativas no ar. O radialista e apresentador de televisão João Inácio Júnior é outro que com seu ‘jereba’ vem escandalizando o público ouvinte de rádio. Com seu poder de criação negativo joga impropérios no ar, imitando Silvio Santos, proprietário do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).

Torcemos por um rádio de qualidade e queremos ver o progresso dos nossos meios de comunicação mas, do jeito que está, a tendência é o declínio moral do rádio cearense. Deixamos a missão de moralização do rádio para os grandes radialistas que temos e, pelo andar da carruagem, iremos chegar à conclusão de que a comunicação radiofônica estacionou e os profissionais do passado faziam um rádio com mais amor e seriedade. A conotação de vendas de horários em estações de rádios vem interferindo negativamente na programação radiofônica.

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Jornalista, membro da Associação Cearense de Imprensa e da Academia de Letras dos Oficiais da Reserva do Ceará