O caso Valerie Plame, que estremeceu as bases da liberdade de imprensa nos EUA, parece não ter fim. Depois que, em 2003, a ex-agente da CIA teve sua identidade secreta revelada pelo colunista sindicalizado Robert Novak, um inquérito foi aberto, jornalistas foram intimados a abrir o bico sobre suas fontes confidenciais e blocos de anotações foram revirados. No fim, houve repórter preso, funcionário do alto escalão do governo indiciado, amigo do presidente investigado.
Agora, duas organizações de notícias pedem que um juiz federal libere os documentos do caso. A Associated Press e a Dow Jones argumentam que o promotor especial Patrick Fitzgerald, que comandou o inquérito e se tornou o terror dos jornalistas, nunca precisou dos testemunhos dos repórteres intimados a depor diante do grande júri. As empresas alegam que Fitzgerald sabia a fonte do vazamento da identidade de Valerie desde o início da investigação.
Em documentos entregues à justiça esta semana, AP e Dow Jones pedem que sejam liberados os papéis com as justificativas do promotor para as intimações recebidas pela então jornalista do New York Times Judith Miller e pelo repórter da revista Time Matthew Cooper. A investigação consistia em descobrir quem vazou a informação sobre a agente da CIA para o colunista Novak.
Embate
Fitzgerald travou um verdadeiro e longo embate com jornalistas, mas a briga foi mais dura com Cooper e, principalmente, com Judith. O promotor queria que os profissionais revelassem quem havia contado a eles sobre Valerie. O curioso é que a jornalista do NYTimes recebeu a informação, mas não havia nem ao menos escrito alguma matéria sobre a agente. Judith acabou passando 85 dias na cadeia por se recusar a testemunhar.
‘Recentemente, o público tomou conhecimento de que a perseguição a estes jornalistas foi inteiramente desnecessária para determinar a fonte do vazamento para Novak’, declararam os advogados das organizações. O ex-subsecretário de estado Richard Armitage foi finalmente identificado como a fonte do colunista, e afirmou que o vazamento não passou de um ‘descuido’ durante um bate-papo. Armitage afirmou também que, logo no início da investigação, contou a Fitzgerald sobre a conversa que teve com Novak.
Os advogados da AP e da Dow Jones afirmam que o público tem o direito de saber a razão pela qual o promotor continuou a exigir os depoimentos dos repórteres mesmo depois de tomar conhecimento sobre a fonte. Segundo eles, a única maneira é liberar os documentos acumulados durante o caso. Informações da Editor & Publisher [23/12/06].