Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Buscas geram economia de US$ 17 bi

As operações de busca na internet proporcionam uma economia de mais de US$ 17 bilhões anuais no Brasil. Nesse valor está incluída a redução de gastos de pessoas que conseguem mais informações em menos tempo e a de empresas que salvam horas e obtêm informações na internet com repercussões diretas em seus lucros. O valor equivale a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e é distribuído entre vários consumidores e empresas. Os US$ 17 bilhões de dólares são repartidos entre todos que utilizam os mecanismos de busca no Brasil. Ou seja, 90% dos usuários de internet no país que, hoje, são estimados em 70 milhões de pessoas.

Ao todo, cada consumidor brasileiro economiza entre US$ 2 e US$ 5 por mês ao utilizar sistemas de busca. No mundo, o valor é ainda mais surpreendente. São US$ 780 bilhões de economia com a busca. Nos países que mais utilizam a internet, como os Estados Unidos, a França e a Alemanha, a estimativa é a de que a redução de gastos por consumidor atinge US$ 20 por mês. Cada busca feita na Holanda ou na Turquia acrescenta US$ 0,50 ao PIB desses países.

De 22 minutos para 7

Ao todo, são feitas 1,6 trilhão de buscas na internet por ano no mundo. Mais de 1,7 bilhão de pessoas utilizam esses serviços. Os números foram divulgados pela McKinsey & Company. A consultoria verificou quanto tempo as pessoas economizam com os mecanismos de busca e fez uma comparação com os seus salários. Também foi feita uma análise sobre os valores que foram pagos a menos pelos consumidores pelo fato de eles terem feito buscas pela internet, antes de decidir sobre qual produto adquirir.

“Pela primeira vez alguém mensurou os ganhos econômicos da busca”, comemorou Marcel Leonardi, diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais do Google, a empresa líder nesse serviço. Para ele, a economia de tempo e a facilidade para aproximar as pessoas são dois dos fatores mais importantes da busca. Mas há outros. A busca pode ter usos práticos para o governo federal e orientar políticas públicas. “Partindo da base de dados de pessoas que fizeram pesquisas sobre a dengue, por exemplo, é possível identificar de quais pontos do país estão vindo as buscas sobre o assunto”, exemplificou Leonardi. Ao fazê-lo, há como identificar os locais onde a epidemia está crescendo e implementar políticas de prevenção.

A McKinsey identificou nove valores da busca. São eles: maior transparência nos preços, maior aproveitamento de informações, identificação de melhores oportunidades comerciais, economia de tempo, facilidade para solucionar problemas, permitir novos modelos de negócios, fornecer mais acesso ao entretenimento, melhorar a comparação de informações pelas pessoas e ajudar a identificar o que elas realmente querem.

Segundo a consultoria, para cada compra, no mesmo tempo gasto com duas procuras de produtos sem internet, o consumidor consegue realizar dez buscas online. No meio acadêmico, buscas que, em papel, demoram 22 minutos, podem ser feitas em sete minutos na internet. Mais de 40% dos internautas nos Estados Unidos, na França e na Alemanha fizeram comparações de preços pela internet antes de adquirir um produto, em 2010.

“Potencial imenso para o crescimento”

No caso das empresas, a McKinsey verificou que pequenas companhias que, antes, não teriam verba suficiente para atingir os consumidores foram amplamente beneficiadas pelos links patrocinados, pequenos anúncios que, ao serem clicados, levam o internauta ao site do anunciante.

Uma análise realizada com 400 pequenas e médias empresas francesas mostrou que aquelas que anunciaram na internet tiveram duas vezes mais vendas do que as que não o fizeram. Num período de três anos, essas empresas tiveram lucros uma vez e meia maiores do que as que não investiram na publicidade online. A consultoria também verificou o faturamento do setor de publicidade online para concluir que 40% está nos sites de busca.

“Apesar dos claros benefícios da busca para a economia, seria um erro pensar sobre ela apenas em termos monetários”, diz o estudo. “A busca ajuda as pessoas em várias maneiras”, continua o texto. Ela ajuda a encontrar informações em situações de emergências, a achar pessoas com interesses similares, a dar mais poder para pessoas, pequenas empresas e organizações. “Nenhum desses aspectos tem valor econômico mensurável, mas afeta a vida das pessoas”, conclui a McKinsey.

A consultoria verificou ainda que a busca ainda está em seu estágio inicial e tem muito a crescer. As buscas de imagens e de fotografias, por exemplo, ainda dependem de textos escritos. O uso de sistema de reconhecimento de voz para buscas em celulares ainda está em aperfeiçoamento. Segundo a McKinsey, há um “trabalho em progresso” e os serviços de busca serão bem mais evoluídos num futuro próximo. “Existe um potencial imenso para o crescimento da busca”, avaliou Leonardi. Segundo ele, cada vez mais brasileiros vão estar integradas à economia digital e, com isso, a tendência é o valor da busca crescer mais alguns bilhões nos próximos anos e ser mais relevante no PIB de muito países.

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[Juliano Basile, da Redação do Valor Econômico, Brasília]