Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Caneta mede ‘índice de leitura’

O artigo abaixo, publicado em 2/4 pela revista alemã Der Spiegel, pode ser de grande interesse para o Observatório da Imprensa. O texto está em www.spiegel.de/kultur/gesellschaft/0,1518,409349,00.html (em alemão). Abaixo vai um trecho do artigo, que traz muitos detalhes sobre esta tecnologia, uma caneta eletrônica com a qual os leitores, escolhidos em determinados grupos, marcam as matérias que estão lendo. Os dados são enviados a um computador central no jornal para análise da redação.

Uma nova técnica permite avaliar o ‘índice de leitura’ dos diversos artigos de um veículo. A técnica se chama Reader Scan e seu criador é o suíço Carlo Imboden. Diversos jornais alemães, como o Berliner Zeitung, o Kölner Stadt-Anzeiger, o Die Zeit, o Main Post ou o campeão de vendas Bild já a estão usando, aplicada a grupos-amostra de leitores. As redações conseguem agora saber, por exemplo, o exato instante e a linha em que o leitor abandona a leitura de um artigo e passa a outro – e qual esse outro etc.

Os resultados surpreendentes mostram que o leitor gosta, sim, de ser entretido, mas ‘se amarra’, mesmo, é em artigos com informações sólidas e análises aprofundadas. ‘Há uma demanda por textos longos e detalhados’, percebeu o redator-chefe do Kölner Stadt-Anzeiger. Ao mesmo tempo, ‘quando o artigo importante foi mal-escrito ou mal-apresentado, os leitores o abandonam maciçamente’.

Por outro lado, foi verificado um grande desinteresse pelos cadernos de cultura e – pasmaram-se – pelas páginas de esporte. Mas tentativas encolher ou suprimir algum caderno ou tema específico desencadearam, em alguns casos, reações indignadas de grupos específicos e barulhentos de leitores.

Outra consideração é que também num supermercado levamos uma pequena seleção de produtos por vez, mas esperamos encontrar sempre uma variedade maior de produtos. Os jornais têm que cobrir demanda similar por notícias sortidas.

Imboden acredita que os jornais terão, por exemplo, que repensar radicalmente seu relacionamento com as minorias interessadas por cultura e esportes. Por outro lado, não haveria razão para se temerem os índices de leitura. Ele diz: ‘O que o leitor espera do seu jornal corresponde fortemente ao que o jornalista acha importante – neste ponto não surge nenhuma contradição com o importante papel atribuído pela sociedade aos jornais diários na democracia’. Em última análise, a reação prática aos índices significa também um retorno à competência central de um jornal: ‘Um jornal não pode se manter no mercado distribuindo brindes, mas sim oferecendo conteúdos que correspondam às necessidades dos leitores. O dinheiro deve retornar ao produto.’

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