Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Chavez ameaça fechar escolas que não concordem com governo

O presidente da Venezuela Hugo Chavez ameaçou interferir em escolas particulares que se recusarem a se submeter à supervisão do governo. O gesto levou muitos venezuelanos a temerem que isso signifique uma imposição ideológica da esquerda nas salas de aula.


Segundo o novo sistema educacional, tanto escolas públicas quanto privadas devem se submeter a inspeção estatal, sob pena de fechamento caso a regra não seja cumprida.


Adan Chavez, ministro da Educação e irmão de Chavez, planeja um novo currículo para educar ‘os novos cidadãos’. Resta saber em que consiste esse currículo, cujo conteúdo não foi revelado.


De acordo com matéria de Sandra Sierra [Associated Press, 19/9/07], alguns estudantes já receberam uma lista de leituras recomendadas, entre as quais se incluem O Capital, de Karl Marx, e discursos de Fidel Castro.


Membros do governo defendem o programa como a nova direção do ensino superior venezuelano. ‘As idéias capitalistas de nossos jovens precisam ser eliminadas’, afirmou Zulay Campos, membro da Comissão Acadêmica do Estado Bolivariano. Críticos temem que o ensino primário e secundário também sejam afetados. ‘A determinação de Chavez de disseminar a ideologia pela sociedade ‘é típica do início de regimes comunistas’ como os da Rússia, China e Cuba, e consiste em ‘impor uma visão singular’, afirmou o sociólogo Antonio Cova.


Prevendo críticas, Chavez disse que o papel de um governo na regulamentação da educação é internacionalmente aceito em diversos países, como Alemanha e Estados Unidos. Segundo o presidente, a educação baseada em ideologia capitalista corrompeu os valores das crianças, e são os venezuelanos – não os cubanos como muitos insinuam – que estão desenhando o novo currículo, embora a Venezuela não exclua ajuda de Cuba no futuro.


Cerca de 20 dos 400 estudantes da Faculdade de Medicina Latino-Americana em Caracas – uma das escolas cujo currículo já foi revisto pelo governo – decidiram abandonar o curso, alguns deles sob o argumento de que não aceitam ser vítimas de lavagem cerebral.