A internet, nascida sob a égide da liberdade de informação, encontra-se cada vez mais concentrada. Está certo que esta concentração se divide em inúmeros nichos, mas eles (os nichos) tendem a controlar a audiência no meio. Chama a atenção o que argumentou o portal Terra sobre a recente restruturação de seu negócio, que representou a demissão de 80% da equipe de jornalismo. A empresa informou se concentrar agora na oferta de notícias de parceiros, agências e terceiros, abandonando a criação de conteúdo – caminho também adotado pelo portal Yahoo há algum tempo.
Isso denota que o portal Terra larga o mercado de notícias e busca quem ainda produz informação para alimentá-lo. Ou seja, capta de alguns poucos grupos de comunicação os fatos mais relevantes do dia-a-dia. A empresa afirma caminhar para a atuação segmentada. Imagina-se que esteja querendo tratar somente assuntos que realmente interessam ao seu público-alvo. Ou seja, partiu para atender o nicho de mercado que considera dentro de seu espectro, para sobreviver.
Do antigo portal Terra, fica a lembrança das coberturas exclusivas dos últimos dois Jogos Olímpicos, com uma equipe semelhante às emissoras de televisão. Esse legado passa à Globo e à Bandeirantes, que detêm os direitos exclusivos de transmissão pela internet da Rio 2016 – o grupo Globo, com muito mais força na web, concentrará a Olimpíada no meio que mais cresce audiência.
Uma concentração dividida em nichos
O fim da versão digital da Info, do grupo Abril, é outro caso que demonstra o que representa a criação, na internet, de nichos de mercado para diversas variáveis de um tema maior. O fim melancólico da revista eletrônica tem a ver com o aumento exponencial na internet da cobertura de diferentes segmentos da tecnologia. A Info não atendia mais todo o espectro da tecnologia com a mesma velocidade com que vários blogs e sites da área faziam e fazem.
Para o internauta, ao invés de esperar o portal da Abril, o melhor era se encaminhar àquela fonte na internet específica para o assunto, com análises profundas, testes, abertura de bate-papo e tutorial, em pouco tempo do anúncio da novidade. A questão é que para cada nicho dentro do assunto maior tecnologia, existe apenas um, dois, no máximo três blogs e/ou site, controlando a informação, conquistando anunciantes de interesse, com acessos significativos.
Enfim, a internet livre e democrática existe, mas movimentos recentes indicam que ela caminha para a concentração dividida em nichos.
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Augusto Diniz é jornalista