A Scotland Yard, sede da Polícia Metropolitana de Londres, afirmou no sábado (10/12) que o número de pessoas que efetivamente tiveram seus telefones invadidos por jornalistas do tabloide News of the World é próximo de 800.
Investigadores entraram em contato com 2.037 pessoas cujos nomes apareciam nas anotações consfiscadas do detetive particular Glenn Mulcaire, que trabalhava para o jornal. Segundo a polícia, pelo menos 803 destas pessoas tiveram suas contas telefônicas invadidas. “Estamos seguros de que contactamos pessoalmente todas as pessoas que foram hackeadas ou provavelmente foram hackeadas”, declarou um representante da Scotland Yard.
Na investigação, haviam sido identificadas 5.795 vítimas em potencial com base nos dados encontrados nas anotações de Mulcaire. O detetive já havia sido preso em 2007 sob acusação de interceptar mensagens de celulares de membros da família real. Algumas pessoas apontadas como “alvos em potencial” ainda devem ser ouvidas, mas, segundo a polícia, é improvável que sejam vítimas dos grampos ilegais.
Invasão de privacidade
Alegações do uso de grampos telefônicos ilegais pela imprensa sensacionalista pipocavam há anos no Reino Unido. O jornalista Clive Goodman foi preso junto com Mulcaire, em 2007, por conta dos grampos da família real. A atriz Sienna Miller processou o News of the World e o Sun em 2008, depois da publicação de fotos suas aos beijos com um homem casado. Diversas figuras públicas, como o ex-vice-primeiro-ministro John Prescott e o ator Hugh Grant, já se queixaram de invasão de privacidade. Mas foi este ano que os grampos atingiram o auge do escândalo – curiosamente, por causa de um episódio ocorrido em 2002. Descobriu-se que uma adolescente assassinada naquele ano teve sua caixa postal invadida depois de seu desaparecimento. Na época, investigadores a mando do jornal teriam apagado mensagens no telefone de Milly Dowler, 13 anos, levando a polícia a crer que a menina continuava viva.
O caso Milly Dowler levou ao fechamento do News of the World em julho último. Jornalistas do tabloide foram detidos – incluindo o ex-editor Andy Coulson, que no início do ano renunciou ao cargo de porta-voz do primeiro-ministro britânico diante da ampliação do escândalo. Diversos executivos do grupo News Corporation, que publicava o jornal, também renunciaram. O governo ordenou a criação de um inquérito para avaliar o estado da mídia no país – e buscar saídas para evitar que abusos como o do News of the World se repitam. Informações de Cassandra Vinograd [Huffington Post, 10/12/11].