Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Para a TV baiana, 2011 foi massa

2011 foi um dos melhores anos para a mídia baiana. A começar pela regionalização das emissoras televisivas. Parece que, finalmente, depois de perder tanta audiência, elas acordaram para a vida. A TV Itapoan, transmissora da Rede Record, continuou a sua corrida populista e separou os dois programas sensacionalistas do meio-dia. Agora, a gente ouve reclamações e assiste às misérias baianas no café da manhã, com o Balanço Geral, e almoça vendo os cadáveres e as baixarias do Se Liga Bocão.

Já a TV Aratu ficou em segundo lugar no populismo. Programas muito ruins, como o Que venha o povo e Na Mira, são referências em termos de baixaria e apresentação de corpos, respectivamente. Programas sobre a música axé parecem ser o ponto alto da emissora, que aposta no Pida e no Universo Axé. A emissora promete ainda um reality show baiano para 2012. Vale destacar uma bela dupla da emissora na área de jornalismo: as competentes Lise Oliveira e Carla Araújo parecem estar “no lugar errado” ante tanta bobagem na programação da Aratu.

A TV Bahia inovou nas chamadas dos programas nacionais da Rede Globo. Ana Maria Braga, Chico Pinheiro e outros agora aparecem com uma chamada do tipo: “Alô, Bahia” ou ainda “Bom dia, baianos”. Infelizmente esse carinho todo não refletiu na programação. Não tivemos nem 20% dos jogos dos times baianos transmitidos pela TV Bahia e, mais uma vez, quem ligou a telinha pra ver Galvão e companhia (não foi o meu caso), teve que assistir jogos do São Paulo, Corinthians e Flamengo. Tirando o bom programa Mosaico Baiano e Rede Bahia Revista, houve poucas novidades na rede da família Magalhães.

Jornalismo melhor, programas de respeito

Porém a Band Bahia se superou. Quase sem espaço para a programação local, a emissora conseguiu a consolidação de bons nomes baianos. A âncora do Jogo Aberto Bahia, a bela Juliana Guimarães, finalmente conquistou o público e se firmou como apresentadora, ao lado dos bons comentários de Tito Lopes. Surgiu também Carolina Rosa, no Band Cidade, uma grande promessa para o futuro. A emissora ainda amansou Uziel Bueno no Brasil Urgente, mas o grande destaque da Band foi, sem dúvida alguma, Rita Batista. Como dizemos na Bahia, “êta negona retada”. Rita deu um show de simpatia, encarou um programa num horário ruim e conseguiu ganhar a admiração do público baiano e da direção nacional. Prova disso foi o convite de Adriane Galisteu para apresentar um programa na Band para todo o Brasil. Galisteu, se segure, porque a negona pode roubar a cena com seu jeito e sotaque “baianíssimos”.

A TVE continua vivendo de Cartão Verde Bahia e do seu jornalismo sério. Bons programas são exibidos na telinha. Porém, parece que muito pouca gente assiste. É incrível a quantidade de programas locais com qualidade de conteúdo mas ainda sem a qualidade técnica que mereciam. É bom saber (com Jorge Portugal), TVE Notícias, TVE Esporte, Balaio de Gato, TVE Revista, Soterópolis… Às vezes, me pego pensando: por que essa emissora não decola? Como analista de marketing, fico envergonhado em saber a resposta. O público baiano prefere ver a miséria alheia do que ter acesso à cultura e o conhecimento. Preferem ver Pablo do Arrocha no BA-TV que assistir a um show de Mariene de Castro na TVE… Alô, pessoal de mídia, vamos investir mais na TVE, minha gente…

A TV Salvador ninguém assiste, então não merece comentários…

Enfim, conseguimos chegar ao final de 2011 em um ano de muitas emoções, muito sangue na tela, pagodes com letras sexuais, arrochas com cantores de vozes horríveis, presos dando entrevista em delegacias e muitas baixarias. Porém, com a certeza de termos um jornalismo baiano melhor, com qualidade, com grandes destaques individuais e, principalmente, com novos programas de respeito. Feliz 2012 a todos.

***

[Erick da Silva Cerqueira é publicitário, Salvador, BA]