Será que as pessoas estão sofrendo de uma sobrecarga de gadgets? Será que estão exauridas e sofrem do equivalente mercadológico da fadiga mental – sobrecarga de informações – causada pelas constantes atualizações de seus aparelhos e da mídia online?
A Underwriters Laboratories, respeitada organização sem fins lucrativos de teste e certificação de produtos, divulgou um estudo na semana passada cujas constatações incluíam que cerca de metade dos consumidores, 48%, “sentiam que os fabricantes de alta tecnologia levam produtos novos ao mercado mais rápido do que as pessoas precisam deles”.
O estudo se baseou em entrevistas com 1.200 consumidores de quatro países – Estados Unidos, Alemanha, Índia e China. E 1.200 fabricantes foram entrevistados nas mesmas nações. O setor de alta tecnologia foi um dos quatro examinados com profundidade, acompanhado pelos de materiais de construção, alimentos e produtos químicos de uso caseiro.
A sensação dos consumidores de que os fabricantes de eletrônicos introduzem produtos mais rápido do que necessitariam sugere duas explicações possíveis. A primeira e mais evidente é a de que o ritmo de inovação é de fato rápido demais para os consumidores.
A segunda, menos evidente, é a de que, na verdade, a inovação é lenta demais. Ou seja, as novas ofertas que as empresas estão apresentando a cada seis meses são produtos semelhantes aos já existentes, com apenas um ou dois recursos novos ou pequenas mudanças de design. Os calendários de marketing, não a inovação de produtos, conduzem o trem empresarial.
Cadeia de suprimento
O relatório constatou que os fabricantes norte-americanos valorizam mais que os de outros países a “velocidade de chegada ao mercado”. Para o setor de alta tecnologia, existem outras constatações intrigantes no relatório. Os consumidores, compreensivelmente, se preocupam menos com a segurança de produtos de alta tecnologia do que com a de alimentos frescos e industrializados. Mas suas maiores preocupações de segurança são as emissões de poluentes e as ondas de rádio. Muita gente, ao que parece, se sente inquieta por viver em uma nuvem cada vez mais densa de ondas de rádio emitidas por torres de celular, pontos de conexão Wi-Fi e aparelhos com os quais eles se comunicam.
Uma constatação um tanto surpreendente foi a de que, para os consumidores, o conteúdo interno dos eletrônicos aparentemente importa. Cerca de 55% deles, segundo o relatório, disseram estar mais preocupados “com a origem inicial das peças/componentes de alta tecnologia do que com o local de montagem do produto”.
O relatório não determina de que maneira essa informação – classificada pela Underwriters Laboratories como “rastreabilidade” – afeta as decisões práticas de compra. Pode ser um processo complicado. As companhias fabricantes, afirma o relatório, dependem em média de mais de 35 fornecedores terceirizados de todo o mundo para criar um único produto. O número pode ser ainda maior para um laptop ou um smartphone.
Talvez possa haver uma identificação de cadeia de suprimento, como um mapa do mundo codificado por cores mostrando de onde vêm as peças de um produto? “Estamos trabalhando nisso”, disse Greenstein.
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[Steve Lohr é do New York Times]