Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Expansão inclui até o Vale do Silício

O Porto Digital, complexo que reúne 200 empresas de tecnologia da informação (TI) no centro do Recife, planeja atrair investidores nacionais e internacionais que já financiam companhias brasileiras no Sudeste. Para isso, o parque tecnológica pretende inaugurar, em abril, escritórios em Suape (PE) e São Paulo. O polo também quer abrir uma unidade no Vale do Silício, nos Estados Unidos, até o fim do ano. Como parte do projeto de expansão, o Porto Digital também está investindo na criação de duas incubadoras de empresas.

Nesta semana, os dirigentes do Porto Digital visitaram condomínios em São Paulo para escolher o local do novo escritório. Guilherme Calheiros, diretor de inovação e competitividade empresarial do Porto Digital, diz que 25% da receita anual das empresas do polo – que somaram R$ 1 bilhão em 2011 – é obtida com vendas para São Paulo. A principal fonte de receita é Pernambuco, que representa 36% da receita das empresas do parque tecnológico. Suape foi eleita em função dos projetos de investimento nas áreas de petroquímica e indústria naval previstos para os próximos dez anos, estimados em R$ 25 bilhões. “O terceiro ponto de apoio fora do Porto será o Vale do Silício”, diz Calheiros. O Porto Digital avalia se instala um escritório próprio nos Estados Unidos, ou se faz acordo de cooperação com uma universidade no país. “Mas é certo que teremos um pé no Vale do Silício”, diz o executivo.

A decisão de instalar escritórios nessas regiões deve-se à dificuldade do parque tecnológico em atrair investidores ao Recife. “Os fundos de investimento mantêm escritórios no Rio e em São Paulo e dificilmente procuram empresas fora desse eixo”, diz Calheiros. Os fundos que investem no polo atualmente são o Fir Capital Partners e a Rio Bravo Investimentos. Para o executivo, a captação de recursos será fundamental para estimular o crescimento das empresas instaladas no polo.

Uma nova área de 3 mil metros quadrados

Fundado em 2000, o Porto Digital atraiu grandes companhias, como IBM, Microsoft, Accenture e Ogilvy, que se instalaram no polo. Neste ano, a Jereissati Participações vai instalar o Armazém do Empreendedor, que funcionará como aceleradora – uma incubadora cujo objetivo é transformar uma ideia em produto no prazo médio de seis meses. O Armazém vai selecionar projetos de TI e investir até R$ 50 mil em cada um deles. O primeiro edital de seleção está previsto para novembro.

O Porto Digital também conclui neste ano uma incubadora voltada à economia criativa. Com inauguração prevista para maio, a proposta é apoiar companhias iniciantes de design, música, publicidade e propaganda, cinema, animação e fotografia. Em junho, o parque publicará um edital para selecionar seis empresas.

As companhias focadas na economia criativa ficarão concentradas em uma nova área de 3 mil metros quadrados no bairro Santo Amaro, que no ano passado passou a integrar o Porto Digital, antes restrito ao bairro do Recife Antigo. As novas empresas terão o Imposto Sobre Serviços (ISS) reduzido de 5% para 2%, conforme acordo com a Prefeitura do Recife.

“Meta é atrair investidores”

Serão escolhidas 20 empresas para compor o Centro Porto Mídia, fruto de um investimento de R$ 8 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Financiadora de Projetos e Estudos (Finep) e do governo de Pernambuco.

“A meta, com essas novas empresas, é atrair investidores ao polo”, diz Calheiros. De acordo com o executivo, o Porto Digital possui R$ 70 milhões em recursos para investir nos próximos quatro anos no projeto de expansão das atividades. Além dessa nova incubadora, o Porto Digital mantém o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e a Incubadora Cais do Porto.

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[Cibelle Bouças, do Valor Econômico]