“Vivemos hoje, na internet, uma espécie de era pós-Google Earth.” A opinião é da geógrafa Maria do Carmo Dias, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após o lançamento da ferramenta, em 1995, o acesso à informação geográfica se popularizou como nunca antes na história.
Desde então, cartografiasonline de toda sorte vêm aparecendo aqui e ali. A última delas merece destaque: é o novo Sistema de Informações Geográficas (SIG) do IBGE, disponível desde o início de janeiro na página da entidade na internet.
A interface estilosa e moderna é porta de entrada para uma série de mapas interativos – atraentes tanto para leigos quanto para especialistas. O usuário acessa mapas temáticos referentes a vários assuntos ligados à geografia. Clima, relevo, geologia, vegetação, fauna, biomas, potencial agrícola e por aí vai.
Breve tutorial
Mesmo os não iniciados na cartografia deverão se animar com a forma simples e intuitiva do aplicativo. Logo na página inicial, escolhe-se o mapa-base com o qual se quer trabalhar – digamos, o da Amazônia Legal, por exemplo.
Clicando ali em cima, em “camadas”, você verá opções para visualizar uma série de variáveis, como “estados”, “biodiversidade”, “hidrografia”, “terras indígenas”, “geologia”, “áreas preservação” e dezenas de outras opções concernentes à área em questão.
Digamos que você queira estudar a biodiversidade de um determinado local. Após visualizar a camada correspondente, basta selecionar a opção “identificar” e clicar sobre uma região específica do mapa. Se você selecionou as imediações do município de Itaituba (PA), por exemplo, uma nova página como estalhe trará as informações mais atuais e completas de que dispõe o IBGE. Ou seja, o SIG não deixa de ser, também, uma ótima enciclopédia em forma de mapa. Nos dois ou três primeiros minutos, você pode achar um pouco difícil. Mas logo se acostuma com a lógica da ferramenta. E, em pouco tempo, será capaz de espacializar praticamente qualquer dado de seu interesse.
O geógrafo Marciel Lohmann, da Universidade Federal do Paraná, aprovou a ferramenta. “Não é preciso ser nenhum expert em geoprocessamento para utilizá-la”, afirma. “Vejo nela um ótimo potencial didático, para alunos de ensino básico e mesmo de graduação.”
Também para iniciados
Usuários avançados em geoprocessamento também vão gostar do novo SIG online. Afinal, poderão inserir novas informações baixadas de outros bancos de dados (tomando, é claro, os devidos cuidados quanto à compatibilidade dos sistemas de projeção cartográfica).
Outra funcionalidade que se destaca é a confecção de mapas. Após selecionar as informações desejadas, pode-se exportar a visualização em formato de imagem – com direito a escala, legendas e bom acabamento estético.
Fica a dúvida: será que a precisão cartográfica é acurada o bastante? Pode não ser suficiente para usos militares ou geodésicos, mas para consultas diárias e elaboração de mapas gerais está excelente. E é de graça.
Cenário atual
Há vários softwares especializados em cartografia e geoprocessamento. Mas normalmente são bastante complexos; ou são caríssimos. Ou, na pior das hipóteses, somam esses dois atributos. Opção gratuita – excelente, mas só para especialistas – é o velho e bom Spring, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Alternativa mais amigável é o ArcGIS, já consagrado líder no segmento. Seu pequeno inconveniente é o preço. A versão original básica da plataforma não custa menos de R$ 5 mil.
O público brasileiro tem agora uma ferramenta que não fica atrás do que há de mais avançado em termos de usabilidade e estética. A propósito, a interface do SIG foi resultado de uma parceria entre o IBGE e o Instituto de Pesquisa em Sistema Ambiental (ESRI, na sigla em inglês), desenvolvedor do ArcGIS. Ou seja, o público brasileiro tem agora uma ferramenta que não fica atrás do que há de mais avançado em termos de usabilidade e estética. Outras opções gratuitas disponíveis na rede são o i3Geo Mapserver, o ArcGIS Onlinee o Geocommons. Mas, na verdade, o SIG IBGE parece superar todas elas (pelo menos para o público brasileiro).
Mesmo com suas limitações – de fato, procedimentos mais avançados de geoprocessamento continuam disponíveis somente nos softwares especializados –, o sistema é mais que suficiente para consultas cotidianas da navegação nossa de cada dia.
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[Henrique Kugler, do Ciência Hoje, RJ]