A greve decretada por órgãos de segurança do Rio de Janeiro foi potencializada pela imprensa. É inadmissível que veículos de comunicação colaborem para o caos. Porém, paradoxalmente, o fizeram. Ao focar seus leads em uma greve (até então suposta) no Rio de Janeiro, ligações telefônicas entre bombeiros e políticos, conversas sobre um possível caos de proporções nacionais, a imprensa colaborou para o problema. Ela fez com que a preocupação tomasse conta da população. Consequentemente, o movimento grevista ganhou força através de sua principal ferramenta contra o governo nesse momento: o medo da população.
O jornalista tem um papel tão importante quanto o dos órgãos de segurança em relação à manutenção da ordem. E se omitir dessa função é tão grave quanto a postura dos grevistas. Ao não destacar informações como a de que a Força Nacional e o Exército apoiariam o estado com um grande contingente e assim tranquilizar a população, acabaram fazendo com que o jornalismo vendesse medo.
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[Thiago Avelino do Nascimento é comunicólogo, Rio de Janeiro, RJ]