Uma investigação que cobriu a qualidade da mídia australiana recomendou a criação de um conselho financiado pelo governo para estabelecer padrões jornalísticos e garantir que eles sejam cumpridos, além de receber queixas sobre a cobertura nos meios impresso, online, radiofônico e televisivo. O inquérito foi aberto em setembro passado a pedido do governo da primeira-ministra Julia Gillard, depois que o grupo de mídia News Corporation fechou seu tabloide mais vendido no Reino Unido, o News of the World, por conta de um escândalo envolvendo grampos telefônicos ilegais. O objetivo do inquérito, que teve o apoio de Bob Brown, líder do Partido Verde Australiano, foi examinar como funcionam os códigos de prática jornalística no país, além de buscar soluções para garantir o jornalismo de qualidade e ampliar a diversidade da mídia no ambiente digital.
A News Corporation, que pertence ao magnata australiano Rupert Murdoch, é proprietária de 70% dos jornais na Austrália, por meio da subsidiária News Ltda. Muitos políticos argumentam que os veículos da News Ltda são tendenciosos a favor do Partido Trabalhista, de situação.
Internet
Com a criação do conselho, pela primeira vez uma entidade reguladora fiscalizaria a mídia online (sites com mais de 15 mil hits ao ano). “Em uma era de convergência de mídia, com muitas editoras transmitindo a mesma matéria em diferentes plataformas, é algo lógico que haja uma agência reguladora cobrindo todas”, disse o relatório da investigação.
Atualmente, a Autoridade Australiana de Comunicação e Mídia é responsável por estabelecer padrões e lidar com as reclamações referentes a conteúdo audiovisual; o Conselho da Imprensa Australiana faz o mesmo com o impresso. Segundo o relatório, a primeira instituição é lenta ao lidar com as queixas, enquanto a segunda sofre de sérias restrições estruturais.
Ray Finkelstein, que liderou a investigação, recomendou uma mudança significativa aos padrões atuais, para que o novo conselho tenha autoridade para obrigar um veículo a publicar pedidos de desculpas, correções ou retratações, além de dar ao pleiteante o direito de resposta. O ministro da Comunicação australiano, Stephen Conroy, afirmou que o governo irá analisar o relatório da investigação com cuidado. Informações de Sally Jackson [The Australian, 2/3/12] e da ABC News [2/3/12].