Dia desses recebi o e-mail de um amigo, que está às vésperas de se casar, cujo assunto era: site Casamento João e Luana. Ao acessar o link que havia no corpo do e-mail, fui direcionada para uma página que contava a vida dos noivos, como se conheceram e, claro, havia um álbum de fotos. Através do site também era possível confirmar presença no casório e acessar a lista de presentes dos pombinhos.
Depois de navegar pelo menu do site, me perguntei o que houve com o simples, e até então eficiente, convite de papel? Percebi que ele já não dá mais conta das necessidades das pessoas. Necessidades estas, “despertadas” pela midiatização. As inovações tecno-sociais, como as redes sociais, propõem que se ocupem outros lugares, que se tenham outros comportamentos… A sociedade tem se tornado cada vez mais complexa, ofertando ao cidadão novas possibilidades de interação.
O que antes era simples e eficiente, como o convite de papel, agora é parte integrante de um conglomerado de possibilidades de comunicação. É limitado. Suas características já não suportam os desejos das pessoas em compartilhar suas vidas. Mas quando esse desejo surgiu? Quem o despertou na gente? Certamente não foram os inventores do Orkut ou do Facebook. É mais complexo que isso. Estamos falando de um conjunto de mudança sociais que acabam nos propondo um lugar a ser ocupado: Você “deve” estar nas redes sociais, Você “deve” ter um celular, Você “deve” manter-se conectado o dia inteiro, Você “deve” pagar com débito, e não em cash. E se você não quiser ocupar esses lugares? Bem, talvez a pergunta não seja exatamente essa, mas sim, como não habitar esses espaços tecno-sociais propostos?
Interações complexas
Vejamos o caso dos noivos. Imagine que eles estão sentados diante da empresa responsável pelo casamento e o promotor oferece a criação do site. Como dizer não? Por que dizer não? Seria o desejo de inovar? De estar em sintonia com o que é mais novo na indústria do casamento? Fazer diferente? São questões que não consigo responder com afirmações, só com mais perguntas.
Entender como o simples dá lugar a interações complexas é hoje um dos grandes desafios, não só da academia ou das redações, como também de todo mercado consumidor, seja de serviços, de produtos ou de informações.
***
[Bianca Alighieri é jornalista, Rio de Janeiro, RJ]