Apesar do desempenho decepcionante de suas ações na bolsa, o Facebook ainda é considerado uma das empresas mais inovadoras da internet.
Para o americano Scott Anthony, diretor da consultoria Innosight Institute, com sede nos arredores de Boston, uma das mais influentes do mundo, porém, a companhia de Zuckerberg irá perder sua majestade. A exemplo do que ocorreu com a Microsoft, o gigantismo afetará sua agilidade e seu poder de inovação, diz Anthony.
“Devem surgir mais redes especializadas”
Por que o valor das ações do Facebook decepcionou logo após a abertura de capital?
Scott Anthony – O Facebook é uma empresa real, com lucro real, que tem impacto real em nossa vida. Mas vai precisar trabalhar muito para mostrar que pode entregar todo o potencial que diz ter. Feita essa ressalva, é preciso lembrar que ainda é cedo para fazer um julgamento definitivo.
Estima-se que existam 3.?000 redes sociais no mundo hoje. Há espaço para mais?
S.A. – Claro. Há muitos nichos para explorar. Devem surgir mais redes especializadas, como o LinkedIn, voltado para o mundo corporativo. É como na vida fora da internet. Há amigos do trabalho, do clube, dos tempos da universidade, e assim por diante. As pessoas deverão estar cadastradas em tantas redes quantos forem seus grupos de contato.
“O compartilhamento de informações fará parte da vida”
Isso quer dizer que o Facebook perderá espaço?
S.A. – As redes sociais menores poderão permanecer independentes e lucrativas. Mas as maiores, como o Facebook, devem assumir o papel de consolidadoras do setor. Isso porque têm mais acesso a fontes de capital e precisam agregar novos serviços. Foi o que aconteceu no mercado de software. A Microsoft é uma corporação, a maior do setor, mas existe espaço para muitas empresas menores.
Como o uso das redes sociais já influencia a formação das pessoas?
S.A. – O que vemos nos jovens atualmente nos faz crer que essas ferramentas tornam as pessoas mais colaborativas e capazes de lidar com vários assuntos ao mesmo tempo. Como isso vai afetar as gerações futuras é uma incógnita.
Muitos pais se preocupam com a exposição dos filhos nas redes sociais. Esse problema tende a aumentar?
S.A. – É provável que as futuras gerações não entendam a questão da privacidade como nós entendemos hoje. Para muitos adolescentes já é normal compartilhar suas opiniões, gostos e atividades sem questionar se isso é apropriado. É provável que essa tendência se intensifique. O compartilhamento de informações fará parte da vida, algo tão normal quanto estar acessível 24 horas por dia no celular.
“À medida que crescer, Facebook será menos ágil”
As redes sociais são a atual tendência da internet. Qual será a próxima?
S.A. – As próximas vencedoras serão as empresas especializadas em agrupar, tratar e analisar os dados que as pessoas compartilham nas redes sociais, aquelas capazes de tirar conclusões de informações como “de que as pessoas gostam” ou “o que compram”.
O senhor acha que o Facebook estará à frente dessa nova onda?
S.A. – À medida que crescer, o Facebook será menos ágil. Vai ser o que a Microsoft é hoje. Grande, mas pouco inovador.
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[Luiza Dalmazo é repórter da revista Exame]