Gente famosa tem dado vários empurrões na popularidade da rede social Tumblr. A cantora Beyoncé estreou um blog na rede para postar as primeiras fotos de sua filha recém-nascida, Blue Ivy.
O roqueiro Michael Stipe, ex-vocalista do R.E.M., tem uma página pessoal em que cria poesia visual. O rapper Frank Ocean lançou seu primeiro disco e revelou que seu primeiro amor foi um rapaz em seu blog no Tumblr.
Outro, satírico, usando uma foto da chanceler americana, Hillary Clinton, mandando torpedos em seu celular, virou mania, com as mais variadas legendas para “as mensagens de Hillary”.
Com 17,5 bilhões de páginas visitadas por mês (2 bilhões no Brasil), em seus 64 milhões de blogs, o sucesso do Tumblr gera comparações de seu criador, David Karp, 26, com o inventor do Facebook, Mark Zuckerberg, 28.
Ele abandonou os estudos ainda mais cedo que seu colega mais famoso -aos 16 anos, para trabalhar em um site como programador.
O magérrimo Karp parece bem mais novo que Zuckerberg, tem um visual ainda mais desajeitado e nerd e não enfrentou processos de amigos ou colaboradores.
E faz suas críticas às duas redes sociais mais famosas. “Não vejo o Facebook ou o Twitter se esforçando muito para servir de plataforma às pessoas mais criativas”, diz.
Campanhas sob medida
“Você precisa se submeter ao azul Facebook ou aos 140 caracteres do Twitter para qualquer coisa que você postar. No Tumblr, a cor e o tamanho do post, os vídeos e as fotos, tudo você personaliza”, compara.
“Como o Tumblr, só vejo o YouTube nesse grau de engajamento com a comunidade criativa.” Ele divide os usuários do site em três categorias: os criadores, que postam suas próprias fotos, vídeos e textos; os curadores, que organizam e selecionam o que veem na rede; e os consumidores. Ah, ele também critica a contagem de seguidores ou de número de amigos das redes mais famosas, “uma grosseria com amigos”.
Avaliado em US$ 1 bilhão, o Tumblr precisa atrair publicidade (apesar de não revelar dados, sabe-se que a receita ainda é minúscula, de alguns poucos anunciantes famosos com páginas no site).
Karp explica que “seria fácil espalhar anunciantes nas páginas”, mas que prefere campanhas com a “sensibilidade” do site.
“Agora mesmo, temos filmes de Hollywood criando campanhas para o Tumblr, com cenas de bastidores, por trás das câmeras, vídeos promocionais, criando a expectativa até a estreia.”
Investidores famosos, como o milionário britânico Richard Branson, aguardam impacientes detalhes de como o Tumblr vai traduzir sua audiência milionária em cifrões.
Por enquanto, os poucos patrocinadores mimetizam os blogs dos “consumidores” e criam campanhas com a cara do Tumblr. Algumas rendem US$ 150 mil ao site. Longe do faturamento anual de US$ 4 bilhões do Facebook, que Karp acompanha.
“A entrada deles na Bolsa foi muito importante para todo o setor. Mas ainda estamos longe de fazer isso”, diz.
Brasil
“Não sei explicar para você esse sucesso todo no Brasil. A versão em português foi nossa nona. Estive em vários países antes e só fui ao Brasil pela primeira vez em maio passado, quando já tínhamos 49 milhões de visitas no país. Foi espontâneo e surpreendente”, disse Karp à Folha, na sede da Tumblr.
Mas ele sugere que o site pôde crescer talvez pelo “capricho” da empreitada. “Temos um batalhão de tradutores, contratamos brasileiros para traduzir o site, não queríamos nenhum erro.”
“Não temos uma estratégia internacional clara, priorizamos agora desenvolver nosso modelo de negócios primeiro nos EUA.”
***
Já popularizado, desafio do Tumblr agora é gerar receitas
Pedro Waengertner
Você provavelmente já usou o Tumblr, mesmo que ainda não tenha sido formalmente apresentado ao serviço. O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de usuários da rede, ficando atrás apenas dos EUA.
Mistura de blog, microblog e rede social, o Tumblr já conta com mais de 50 milhões de usuários no mundo, tornando-se uma das empresas mais quentes do Vale do Silício.
Uma das características mais marcantes do serviço é a simplicidade e a facilidade de uso. Em poucos minutos, qualquer usuário consegue configurar o seu blog e começar a publicar conteúdo. E é possível seguir blogs de outros usuários, criando um mural de atualizações.
Com visual minimalista e “cool”, o Tumblr já tem uma legião de fãs, tanto do lado de publicadores de conteúdo quanto de usuários finais.
O Brasil, como segundo maior mercado do serviço, atraiu a atenção da empresa, que já enviou executivos para entender o país e anunciou no início do ano a abertura de escritório local, o primeiro fora dos EUA.
A adesão dos brasileiros às redes sociais não é sentida apenas pelo Tumblr. O Brasil já é o segundo país em usuários também de Facebook e Twitter e rapidamente vem absorvendo novidades como o Pinterest, por exemplo.
Com os indicadores crescendo em todas as áreas digitais, devemos ver o Brasil cada vez mais importante para o negócio das redes sociais.
Já avaliada na casa do bilhão de dólares, a rede busca formas de monetização, o grande desafio do setor. Recentemente começou a aceitar anúncios em seções específicas, testando modelos.
David Karp, criador da empresa, sempre se mostrou resistente a veicular publicidade no site, temendo a descaracterização do serviço, mas a pressão dos investidores por resultados está fazendo com que formas de gerar receita sejam exploradas.
Casos como o do Instagram, que foi comprado recentemente por U$ 1 bilhão pelo Facebook com basicamente nenhuma receita, estão ficando cada vez mais raros e todas as redes sociais estão buscando formas consistentes de gerar renda.
As duas redes que já conseguiram fazer essa transição foram o Facebook e o LinkedIn, ambas com capital aberto na Bolsa e gerando receitas consideráveis.
Uma das atividades mais divertidas no Tumblr é explorar sem rumo os blogs, descobrindo novidades, pontos de vista interessantes, cartunistas, colecionadores e vários criadores e curadores de conteúdo, que mostram que há vida inteligente na web.
Não sabemos o futuro da rede como negócio, mas é um site que vale a pena explorar.
[Pedro Waengertner é professor da área de marketing digital da pós-graduação da ESPM]
***
[Raul Juste Lores, da Folha de S.Paulo em Nova York]