Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Wibbitz transforma texto jornalístico em vídeo

Criada por dois jovens recém-egressos do exército israelense, a companhia novata Wibbitz criou um sistema on-line que em 15 segundos transforma textos jornalísticos em vídeos com gráficos, narração e imagens, sem a ajuda de um editor “humano”. A empresa já recebeu US$ 2,5 milhões em investimentos do bilionário chinês Li Ka Shing, que já investiu no Facebook, e, agora, negocia contratos para vender o produto a grupos de mídia dos Estados Unidos. A meta é fechar acordos com pelo menos cinco companhias americanas.

Zohar Dayan, de 28 anos, e Yotam Cohen, de 29, criaram a companhia no último ano do curso de administração do IDC, universidade localizada em Herzliya, no distrito de Tel Aviv, em um programa de aceleração de startups. Após conseguir US$ 450 mil iniciais de investidores-anjo, em 2010, eles abriram um escritório no bairro de Rothschild, conhecido como o “Boulevard do Silício” de Tel Aviv. Como na maioria das novas empresas de tecnologia, o ambiente na Wibbitz é descontraído, com brinquedos e mesas de pingue-pongue para os funcionários.

“Muita gente não gosta de ler textos longos no telefone, no iPad, ou mesmo na televisão com acesso a internet. Pensando nisso, criamos uma maneira de os grupos de mídia, os blogs e os sites em geral criarem um vídeo para cada texto, sem ter que arcar com altos investimentos”, disse Cohen. “Um texto com vídeo pode gerar de 10 a 15 vezes mais receitas que um texto sem vídeo”, afirmou Dayan.

“Aprender a correr riscos foi essencial”

Ainda sem clientes pagantes para a versão completa do sistema, a Wibbitz já reúne mais de 30 mil sites e blogs que usam a versão básica e gratuita, gerando 10 milhões de visualizações por ano. No futuro, a receita virá do pagamento de uma taxa que varia de US$ 8 a US$ 60 para cada mil visualizações. A versão completa do sistema conta com mais recursos gráficos e imagens, e pode ser adaptado de acordo com a identidade visual do cliente.

O investimento recebido há três meses do fundo de participações de Li Ka Shing vai ajudar a Wibbitz a aumentar o time – de nove para quinze funcionários –, e abrir um escritório em Nova York para ficar mais perto das companhias de mídia americanas com as quais as negociações estão mais avançadas.

Tanto Dayan como Cohen acreditam que a experiência no exército israelense – obrigatória para homens e mulheres no país – foi crucial para a criação da startup. Cohen atuou durante seis anos como comandante de um navio que patrulhava a Faixa de Gaza. “Você aprende a superar as barreiras e trabalhar em equipe”, disse. Dayan já tinha participado como sócio de duas empresas quando ainda estava no colegial. Teve de desistir dos projetos quando virou soldado. “Aprender a correr riscos também foi um aprendizado essencial obtido no exército”, disse Dayan. Antes de criar a Wibbitz, ele trabalhou meio período como programador de computadores em uma grande empresa, até largar o emprego, em 2010, para se dedicar integralmente à empreitada. O mesmo ocorreu com Cohen, que depois de deixar Gaza, viajou pela América Latina, até iniciar o curso de administração no IDC e largar o emprego de instrutor de iate.

“Quem sabe, teremos uma versão em português”

A ferramenta criada pela Wibbitz “compreende” e resume o texto jornalístico, acrescentando imagens, vídeos e gráficos disponíveis em um banco de dados. Tudo é automático, inclusive a voz do narrador, que é de computador. “Conseguimos criar um programa capaz de saber a diferença entre Apple, a empresa, e uma maçã”, disse Cohen. “As pessoas estão consumindo menos conteúdo nos PCs e mais em aparelhos como iPad e iPhone. O que fazemos é ajudar as empresas a transformarem o conteúdo que já têm em vídeo.”

Como o sistema funciona sobre um browser – um programa de navegação na internet –, não importa o modelo do aparelho em que o vídeo é assistido. No futuro, a empresa pretende lançar um aplicativo para que a conversão ocorra de forma ainda mais rápida. Além dos grupos de mídia nos Estados Unidos, a empresa negocia com companhias da Alemanha, Inglaterra e Espanha. “Quem sabe, teremos uma versão em português”, disse Cohen. (A repórter viajou a convite da Universidade IDC Herzliya, de Israel)

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[Luciana Bruno, do Valor Econômico em Tel-Aviv]