A expansão acelerada da adoção de dispositivos com acesso à web e do consumo de vídeos e serviços de voz por internet (VoIP) vão contribuir para uma reviravolta nos mercados de software e computação em nuvem – modelo pelo qual os programas ficam armazenados em centros de dados em lugares remotos e são acessados pela internet. O estudo Cisco Global Cloud Index, divulgado hoje mundialmente pela Cisco Systems, revela que, a partir de 2014, haverá mais processamento de dados na nuvem do que nos computadores dos usuários e empresas.
De acordo com o estudo, antecipado pelo Valor, até o ano passado, 70% de todo o processamento de dados no mundo era feito nos computadores das empresas e de pessoas físicas. Dessas informações, 30% eram processadas na internet, em centros de dados de companhias terceirizadas, como Amazon, Salesforce, Cisco e Alog, entre outras. O estudo indica que, em dois anos, 51% dos dados serão processados na nuvem e o restante em computadores privados. Em 2016, o mercado já terá se invertido totalmente: 62% do tráfego de dados se dará na nuvem e 38%, no ambiente tradicional.
Leonardo da Cunha Pinheiro, diretor de serviços gerenciados e cloud da Cisco Brasil, disse que o grande motivador dessa tendência é a expansão acelerada do consumo de vídeos e serviços de voz por internet. “Atualmente, o tráfego de dados na nuvem é feito principalmente por consumidores, mas a tendência é de uma adoção crescente dos serviços na nuvem pelas companhias”, disse Pinheiro.
O índice global de computação em nuvem não contém dados específicos sobre países. O diretor da Cisco disse que, na América Latina, as companhias já superaram a primeira fase da computação em nuvem, que consiste na educação do público sobre essa tecnologia. “Nos próximos cinco anos haverá um crescimento acelerado em diversos segmentos de empresas.”
De acordo com o executivo, o principal desafio para as companhias que pretendem adotar softwares na nuvem em vez de instalar programas em seus computadores ou servidores será adquirir aplicações desenhadas para o uso via internet. “Atualmente, as grandes companhias de software investem fortemente na conversão de programas para o acesso na nuvem. A partir dessa conversão, haverá um crescimento forte e rápido”, afirmou Pinheiro.
América e África
O estudo indica um crescimento vertiginoso do tráfego de dados no mundo: de quatro vezes entre 2011 e 2016 – ou 31% ao ano –, passando de 1,8 zettabyte para 6,6 zettabytes por ano. Para se ter uma ideia, um zettabyte equivale a 1 trilhão de gigabytes. De acordo com cálculo feito pela Cisco, 6,6 zettabytes correspondem a 92 trilhões de horas de músicas ouvidas na internet. É como se toda a população do mundo ouvisse música continuamente na web durante um ano e meio.
Já o volume de dados processados na nuvem vai crescer mais: 5,3 vezes até 2016, ou 44% ao ano. Dessa forma, segundo a pesquisa, o tráfego de dados na nuvem vai passar de 683 exabytes (ou 683 bilhões de gigabytes) em 2011 para 4,3 zettabytes em 2016.
Na América Latina, o volume total de dados processados vai aumentar 66% ao ano até 2016, acima da média global. E o tráfego na nuvem apresentará um crescimento médio de 60% ao ano nesse período, também acima da média dos demais países. De acordo com a pesquisa, o desempenho na América Latina só não será maior que na África. Nesse continente, o tráfego de dados crescerá, em média 79% ao ano.
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[Cibelle Bouças, do Valor Econômico]