Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Editoras protestam contra biblioteca virtual

A Associação Americana de Editoras Universitárias, organização que representa 125 editoras sem fins lucrativos de publicações acadêmicas nos EUA, acusa o projeto de biblioteca virtual do Google de violar normas de direitos autorais ao disponibilizar o acervo de bibliotecas universitárias na internet.

O mecanismo de busca online anunciou no fim do ano passado seu projeto de digitalizar, até 2015, cerca de 15 milhões de livros e documentos das maiores e mais prestigiadas bibliotecas de língua inglesa do mundo. Com investimento de 200 milhões de dólares, o Google fez acordos com as universidades americanas de Stanford, Michigan e Harvard, com a Biblioteca Pública de Nova York e com a universidade de Oxford, na Grã-Bretanha. No caso das duas últimas, as obras digitalizadas seriam apenas as sem direitos autorais.

Conseqüências financeiras

Em carta endereçada ao Google, a associação americana afirma que o projeto teria conseqüências financeiras graves, pois prejudicaria as vendas de obras cujos direitos lhes pertencem. As editoras universitárias, informa Michael Liedtke [AP, 23/5/05], têm na venda de livros e em outros acordos de licenciamento grande parte da sua receita, o que faz com que as leis de proteção de direitos autorais sejam essenciais para sua sobrevivência.

Algumas editoras com fins-lucrativos também começaram a observar de perto – com outra motivação – os planos do Google. ‘Estamos estudando possibilidades e oportunidades com o Google, incluindo o impacto potencial que este projeto teria em nossos autores, consumidores e negócios’, afirma a porta-voz da John Wiley & Sons, Susan Spilka.

Projeto europeu

Mas a preocupação com direitos autorais não é o único problema enfrentado pela companhia, que alega que o projeto – com o objetivo de permitir que pesquisadores em todo o mundo tenham acesso a milhões de textos significativos – é ‘altruísta’. Críticas anteriores vieram da Europa. O receio de que a iniciativa possa reforçar o predomínio da língua inglesa e do pensamento anglo-saxônico, levantado pela França, foi endossado por outros países do continente, que conseguiram apoio da União Européia para a criação de um projeto rival com a digitalização de obras em outras línguas.

Em comunicado, o Google declarou que seu projeto oferece proteção a detentores de direitos autorais.