Mais da metade dos principais jornalistas britânicos estudou em Oxford ou Cambridge, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Sutton Trust, organização que visa ampliar o acesso à educação, na semana passada. O estudo realizado com os 100 mais influentes editores, colunistas, apresentadores e executivos de mídia do país sugere que a profissão é cada vez mais dominada por uma elite educada em escola e universidade particulares.
Além de listar o histórico educacional dos profissionais, a pesquisa também colheu depoimentos de editores de jornais e executivos de rádio e televisão sobre suas políticas de recrutamento de funcionários editoriais – eles negam contratar intencionalmente pessoas que tenham passado pelas melhores escolas ou universidades.
Posições influentes
Sir Peter Lampl, fundador do Sutton Trust, afirma que o estudo confirma o mesmo padrão já encontrado entre advogados e políticos. ‘Este é outro exemplo de predominância daqueles educados em escolas privadas em posições influentes na sociedade’, diz ele. Estudos anteriores da organização revelaram que 70% dos advogados das Cortes Superiores e um terço dos Membros do Parlamento britânico tiveram educação privada. Entre os jornalistas, este índice chegou a 54%. Na última pesquisa do tipo, feita há 20 anos, 49% haviam sido educados em escolas privadas.
Os resultados apontaram ainda que, dos 81% que foram à universidade, mais da metade dos principais jornalistas do país estudou em Cambridge ou Oxford. Entre os ex-alunos de Oxford citados no estudo estão Lionel Barber, editor do Financial Times, Roger Alton, editor do Observer, e John Bryant, do Daily Telegraph.
Segundo Lee Elliot Major, que coordenou a pesquisa, as práticas de contratação da indústria contribuem muito para este panorama. Isso acontece por causa do alto custo do treinamento de jovens profissionais, dos baixos salários para quem começa e da instabilidade no emprego – fatores que acabam levando pessoas de famílias mais abastadas e influentes a se arriscarem com maior freqüência na carreira jornalística. Com informações da Reuters [15/6/06] e de Owen Gibson [The Guardian, 15/6/06].