Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Emissoras dos EUA temem perda de anunciantes

O mundo tem se mostrado um lugar exageradamente violento. As imagens dessa violência são transmitidas diariamente pelas emissoras de televisão e começam a preocupar a indústria de TV dos EUA, afirma Michael McCarthy [USA Today, 18/5/04].

O motivo de tanta preocupação não é moral, mas financeiro. As emissoras de TV americanas acabam de entrar na temporada de venda de espaços em suas programações para anúncios publicitários, e têm medo de que as cenas terríveis filmadas no Iraque e em outras partes do mundo desencorajem os anunciantes a investir em seus canais.

O medo das emissoras tem fundamento. O exemplo mais extremo é o dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que as fizeram perder mais de US$ 1 bilhão em receita publicitária.

Mesmo assim, as recentes imagens de corpos de americanos carbonizados pendurados em uma ponte, da decapitação do refém Nick Berg por um grupo rebelde iraquiano e dos abusos cometidos contra prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib, chocaram o público, mas até agora não fizeram os anunciantes recuarem.

Executivos de mídia afirmam que os ataques de 11 de setembro e duas guerras seguidas fortaleceram os marqueteiros, e os levaram a afrouxar os limites de tolerância sobre o que o seu público consegue agüentar.

Nenhum anunciante ligou para a CNN nas últimas semanas pedindo para ter seu comercial retirado da programação, diz o diretor de marketing da emissora, Greg D’alba. ‘Há cinco anos, se acontecesse alguma tragédia, nós teríamos uns 20 anunciantes pedindo para serem tirados do ar. Mas as coisas mudaram. Hoje você tem que ver e saber o que está acontecendo no mundo’, afirma ele.

Já Allen Adamson, diretor da empresa de consultoria de imagem Landor, dá outra explicação para a mudança no comportamento dos anunciantes. Para ele, a intensidade da violência aumentou tanto, que ‘este é o novo estado de normalidade’. O mundo tem apenas que se acostumar a ele.