Empresas eletrônicas confrontaram seus pretensos reguladores na quinta-feira (26/5), na cidade de Deauville, França, quando os dirigentes do Facebook, Google e outras companhias tecnológicas advertiram os líderes do G8 no sentido de tomarem cuidado ao tentarem controlar a internet.
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e Eric Schmidt, presidente-executivo do Google, disseram que as discutíveis regras sobre direitos autorais e privacidade poderiam obstruir as inovações e inibir a livre expressão que recentemente alimentou as revoltas nos países árabes.
Embora normalmente sejam concorrentes agressivos, os dois grupos juntaram forças para resistir às propostas de novas regras para “civilizar” a internet defendidas pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, anfitrião do evento. Em sua resposta, Sarkozy disse aos empresários que apoiassem uma regra legal mais forte para a internet de forma a que as inovações não fossem prejudicadas. No início da semana, ele já advertira, durante a realização do Fórum do G8 em Paris, para a “anarquia” na internet em sua forma atual, dizendo: “Um pacote mínimo de regras é inevitável.”
“Por que as regras da internet devem ser isoladas?”
A discussão – pela primeira vez, o setor de tecnologia esteve presente à reunião do grupo G8 das nações líderes – surge num momento em que os governos norte-americano e britânico avaliam a adoção de novos esquemas para forçar as empresas de internet a bloquearem os websites que facilitam a pirataria.
Zuckerberg tentou explicar aos líderes nacionais que a adoção de medidas para combater conhecidas armadilhas do mundo virtual, tais como baixar ilegalmente material com direitos autorais, poderia levar a consequências inesperadas. “Por um lado, você tem a internet, que é esta força, realmente poderosa, dando voz às pessoas”, disse. “Agora é tentador dizer que, em relação à segurança ou à privacidade, você pode ir à opção mais extremada [regulatória] e manter todo o valor que atualmente reconhecemos. Pessoalmente, isso me preocupa, pois não é verdade”, finalizou o empresário de 27 anos. Schmidt, por sua vez, acrescentou: “A indústria, como um todo, preocupa-se com o fato de uma regulamentação prematura poder levar à falência inúmeras empresas e frear inúmeras oportunidades e inúmeras inovações.”
As propostas levadas à reunião do G8 basearam-se em discussões prévias, realizadas num encontro em Paris, patrocinado por Sarkozy, entre empresários de internet e legisladores especializados no tema. Além do Facebook e do Google, defenderam suas opiniões na reunião do G8 Maurice Lévy, diretor-executivo do Publicis, Stéphane Richard, da France Telecom, e Hiroshi Mikitani, da Rakuten, maior distribuidora online do Japão. “Os governos deveriam avaliar como utilizar a internet, ao invés de limitar as possibilidades”, disse Mikitani na quarta-feira (25/5). “As normas que regem a sociedade deveriam ser aplicáveis à internet, como a propriedade intelectual e a concorrência leal”, disse Richard. “Não compreendo por que a internet deva ser isolada do restante da sociedade, em termos de regras.”