‘Não creio que as tecnologias da nova mídia possam salvar ou destruir a atual indústria da mídia: as novas tecnologia simplesmente facilitarão as mudanças e criarão oportunidades. (Roger Fidler em Midiamorfose)
la Repubblica |
Apesar de ter apenas 30 anos, o jornal italiano la Repubblica é sem dúvida o segundo mais importante do país, logo após o tradicional e mais que centenário Corriere della Sera. Um dos fatores que levaram la Repubblica a essa colocação foi estar sempre pronto a aceitar as novidades sem perder suas características editoriais. Agora, mais uma vez, inova, lançando na Itália o e-paper, um leitor eletrônico de 300g, que tem por nome iLiad. Um grupo de 300 leitores testa a novidade. Depois da internet, é uma nova versão para o diário: o jornal portátil.
É uma máquina de leitura feita para um público que está mudando os hábitos e os gostos, que quer muitos dados mas sempre atualizados: as edições de um jornal têm no iLiad uma ‘rotativa’ em funcionamento continuo, mandando suas atualizações via internet. Não é um aparelho feito somente para jornais, mas para a leitura.
No futuro
Na Holanda, o Iliad está sendo experimentado num projeto escolar, no qual se procura oferecer no ‘leitor’ todos os livros de aulas, podendo as crianças, desta forma, aposentar as pesadas mochilas, que prejudicam as costas dos jovens e representam quase que uma patologia social. No ano seguinte não se compram outros livros: descarregam-se os já existentes e entram-se com os novos. Na China os aparelhos são usados num projeto de estudo universitário a distância, e as lições chegam pela rede a cada semana. Nos Estados Unidos é usado para manuais de manutenção aérea. Em outros países, como catálogo de medicamentos.
São informações, muitas informações num só retângulo; de fato pode conter meses de jornais, de editoriais, de pequenos anúncios, de centenas de livros de pesquisa. Depende de quem distribui e de quem lê. O e-paper não muda a natureza do jornal nem sua identidade, mas muda a forma de manejar, virar as páginas e de ler o jornal. Conseqüentemente, poderá influenciar o modo de construí-lo, de escrevê-lo e de paginá-lo.
A essência democrática da web tende ficar sempre mais dinâmica, mais portátil: no futuro da aldeia global existirá também um lugar importante para os jornais tradicionais, basta que saibam renovar-se.
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Jornalista