Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Equívocos e desinformação no noticiário

Desde que o governo Lula decidiu vestir a camisa da ‘inclusão digital’, várias empresas, ONGs e países apresentaram ao Brasil caminhos para incluir pessoas de pouco poder aquisitivo na era digital.

A imprensa passou a dedicar generosos espaços à problemática brasileira. Logo apareceram várias escolas públicas desse sertão afora onde os alunos jamais tocaram em um computador, que dirá navegar na internet. Mas a imprensa tem cometido grande pecado ao encostar o governo na parede para que ele tome atitudes imediatas.

É óbvio que o governo deve promover a informatização de escolas e pessoas para que o país possa avançar tecnologicamente. Entretanto, nós, jornalistas, esquecemo-nos de que o governo não produz bens. Ele administra, gerencia e, na maioria das vezes, compra. Daí parte o problema: como adquirir a solução mais viável e barata para incluir pessoas na era da informatização?

Críticas

São várias as soluções disponíveis no mercado, seja em coisas simples como monitor, mouse e teclado até produtos mais complicados como servidor, provedor ou rede de alta velocidade. Logo, são vários fabricantes e, nesse sentido, mudam os preços e as opções de mercado. Como nós, jornalistas, não entendemos ou nos esquecemos desses detalhes, ficamos cobrando que o governo faça algo pelos ‘excluídos’, mas não sabemos investigar ou explicar por onde.

A imprensa também tem noticiado nas últimas semanas a criação de um computador, ou laptop, ao custo de 100 dólares. De novo, aconteceu uma confusão na cabeça de jornalistas. O computador de 100 dólares, um deles oferecido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), é uma das soluções apresentadas para reduzir o número de excluídos digitais. Em alguns veículos, a criação do computador foi dada como certa com títulos como ‘Brasil vai criar computador de US$ 100’.

O projeto proposto pelo MIT é o de montar 55 milhões de computadores, o que acarretaria recursos do governo brasileiro entre 5 bilhões e 10 bilhões de dólares. O projeto sofre críticas de vários setores. Fico pensando se alguns desses setores não criaram suas críticas depois de lerem informações equivocadas criadas por nós, jornalistas.

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Jornalista