O Facebook continua com sua estratégia de busca da hegemonia na área da telefonia móvel. Segundo o Business Insider, agora ele está atrás da supremacia que até o momento pertencia à Apple. Que, segundo o mesmo informativo, “morre de medo” da empresa de Palo Alto. “Eles odeiam o Facebook”, disse uma das fontes não reveladas pela reportagem, referindo-se à empresa de Steve Jobs. Que “consistentemente tem lidado com o Facebook com um misto de medo e desconfiança”, diz o artigo de 28 de julho último.
A empresa de Steve Jobs tem muito o que temer na rival que Zuckerberg comanda. Exatamente 450 mil programas na loja virtual e 15 bilhões de downloads até o momento estão em jogo, segundo o MediaPost do mesmo dia. O Facebook há muito vem alavancando sua ascensão ao topo através do enorme número de usuários de sua rede social. Já renovou a infraestrutura da empresa e estendeu sua área de interesses ao hardware e ao software. Desde 2010, vem tentando eliminar sua concorrência – o Google e a Apple – na área da telefonia móvel mais sofisticada. O mundo das grandes corporações de mídia digital joga um jogo onde a lógica dominante é a da vantagem competitiva do tipo “vencedor leva tudo”.
A iniciativa atual, de promover a venda de apps e games na web através dos navegadores móveis, é um desenvolvimento do Projeto Spartan, a multiplataforma do Facebook para os supercelulares que incentiva os desenvolvedores de aplicativos e games a passarem a usar a nova versão do código-base da web, o HTML5, no desenvolvimento de softwares e jogos. A plataforma também inclui um sistema de crédito online, que funciona com a moeda virtual da companhia.
Parceria com o Twitter
Com sua própria plataforma digital, e os navegadores móveis a usar sua própria moeda, criada em 2009 (o “Facebook Credits”), a companhia de Zuckerberg espera recuperar o tempo perdido nos lucros advindos do uso dos smartphones e dos tablets, embolsados até o momento pelo Google e pela Apple. O estímulo ao uso da nova versão do código inventado por Tim Berners-Lee é uma estratégia para evitar o uso de qualquer produto de seus concorrentes. Zuckerberg vê a Apple como um “intermediário desnecessário” na venda de aplicativos para a web móvel.
A Apple andou sondando o Facebook quando desenvolveu seu iO5, um mini-sistema operacional para celulares. Mas acabou convidando o Twitter para parceiro porque ele não é um concorrente direto em suas principais fontes de receita. O Twitter é pequeno demais para representar ameaça para qualquer uma das “quatro grandes” corporações da mídia digital contemporânea: a Apple, o Google, a Amazon e o Facebook.
Surpresa para celulares comuns
Mas o Facebook rapidamente compreendeu que não era preciso reinventar a roda e criar um sistema operacional próprio para entrar no negócio da telefonia móvel de alta performance: basta ter sua própria multiplataforma e usar a criatividade e trabalho alheios para alavancar suas vendas na rede. Os 200 milhões de usuários do Facebook móvel completarão o serviço. Afinal, ele é o aplicativo mais acessado pelos usuários de tablets e smartphones, não é?
Se o Facebook poderá ser bem-sucedido na área de venda de conteúdo digital, ainda não podemos responder. Mas o caminho está muito bem preparado e a estratégia indica que nada poderá impedir o gigante de entrar no negócio com força total. A competição tem motivos para andar aterrorizada.
E não se preocupe se você não tem um smartphone ou um tablet. Zuckerberg já preparou algo para os usuários de celulares comuns, também…
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[Sergio da Motta e Albuquerque é mestre em Planejamento urbano e regional, consultor e tradutor]