Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Foi dada a largada para a corrida tecnológica

Jornalismo e internet parecem ainda manter uma relação de desconfiança. Quase vinte anos depois desse suporte midiático ter se tornado público, a sensação é que a prática jornalística não potencializa e usufrui todas as ferramentas comunicacionais que o meio oferece. Faltam inovações, falta mais ousadia. Levados por críticos da internet, que acenam para uma possível banalização do jornalismo, alguns veículos tradicionais ficam com o ‘pé atrás’ quando se trata de webjornalismo participativo, jornalismo-cidadão, vídeos, áudio etc. Mas o debute parece inevitável. Com a popularização da rede e suas possibilidades, a tendência é que os usuários naveguem cada vez na busca pela informação e façam dessa uma prática rotineira. Já passou da hora dos ‘grandes dinossauros’ se mexerem.

O jornal impresso mais influente do mundo não perdeu tempo. The New York Times, em setembro do ano passado, anunciou em suas páginas a contratação de Michael Rogers. Seu cargo? Bom, seu cargo é o de ‘futurólogo residente’. Rogers é responsável por criar novas estratégias para o site do jornal e para os outros produtos da empresa. O ponto de partida foi agregar ao cargo do repórter a função de produtor audiovisual. Para isso, todos os jornalistas da redação do NYT passarão por treinamento para o uso de mini-câmeras digitais durante o desenvolvimento das reportagens.

Há um mês, conseguimos uma entrevista com Rogers por email. Ele reforçou a importância do jornal impresso, mas completou dizendo que os grandes veículos devem aproveitar mais os recursos que as novas tecnologias proporcionam. ‘Jornais e revistas que não acrescentam nada de novo em suas versões digitais estão perdendo uma grande oportunidade de expandir seu público e desperdiçando seu tempo online‘, analisa.

Veículos se ‘reinventam’

A profissão de vídeo-repórter não é nova e já tem até apelido: ‘repórter-abelha’. Na televisão, o modelo foi implantado há alguns anos e vem se consolidando. Um exemplo disso é a TV Alterosa, emissora de radiodifusão de Minas Gerais. Em virtude da instantaneidade e da busca por um ‘furo’, a emissora promove a prática entre seus repórteres. Benny Cohen, diretor geral de Jornalismo, relatou, durante o evento da ‘Semana da Comunicação 2006’ promovido pela Universidade Fumec, que os jornalistas recebem um celular equipado com uma câmera para produzirem pequenas matérias.

O ‘Repórter Celular’, como é chamado o projeto, permite que reportagens sejam enviadas com velocidade e mobilidade. A perspectiva é de que os jornais busquem novas práticas de produzir e difundir as mensagens. Nesse meio, a internet surge como a grande promessa capaz de convergir e servir como plataforma para tais práticas. Na mesma linha de pesquisa e desenvolvimento está o jornal The Wall Street Journal, que recentemente lançou o WSJ Labs. O projeto tem o objetivo de testar novas ferramentas que auxiliem o acesso à informação. Já estão à disposição, em versão beta, uma proteção de tela com as notícias do jornal e um RSS personalizado.

A mais nova aventura na rede é a Globoonliners, uma comunidade digital desenvolvida pelo jornal O Globo que segue a linha do site de relacionamentos Orkut. Nesta primeira fase de testes, as comunidades giram em torno dos jogos Pan-americanos. Pelo site é possível criar comunidades e blogs para troca de informações e participar de fóruns. O gerenciamento das comunidades é feito pelo Icox, um software livre brasileiro.

Ao contrário do que pregam alguns críticos, ao professar que ‘o jornalismo impresso morreu’, os veículos se ‘reinventam’ e, para isso, investem em programas tecnológicos. É preciso se reestruturar para encarar o mundo digital. Foi dada a largada!

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Estudantes de Jornalismo da Universidade Fumec, Belo Horizonte, MG