Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Google censura livro de pesquisador do Facebook

Paul Adams é um projetista gráfico e pesquisador da área de redes sociais. Trabalhou para o Google até janeiro deste ano. A ideia de agrupar contatos sociais em espaços separados (círculos) é dele. É uma concepção central para a nova rede social do Google: agrupar gente diferente em grupos diferentes. Adams deixou a companhia de Sergey Brin e Larry Palmer em janeiro, por uma proposta irrecusável do rival Facebook, sentindo-se pouco valorizado. Ou melhor, pouco “executado”: os executivos prestavam muita atenção a seus argumentos, mas quase nada era posto em prática.

Por essas e outras, o rapaz decidiu deixar o Google. Mas não está nem um pouco satisfeito com seus antigos empregadores, que proibiram que ele publicasse um livro sobre círculos sociais (o livro foi escrito em parceria com pessoal do Google), temendo que dados essenciais de seu antigo “projeto esmeralda” vazassem além do que já havia sido exposto à imprensa e público, em julho de 2010.

O projeto tornou-se o atual Google + (Google Plus), a nova rede social da empresa, e os engenheiros estavam preocupados com a segurança das informações mais sensíveis. Pediram inicialmente a Adams que postergasse o lançamento do livro até o lançamento da rede. A autorização já havia sido garantida, mas quando os executivos do gigante das buscas online descobriram um “vazamento” nas informações confidenciais sobre o projeto da rede social deles, em julho do ano passado, a mesma foi retirada. “O Google impediu-me de publicar meu livro”, disse ele sem receio ao CNET Newsno dia 13 de julho último. Declarou também que “entendeu e respeitou” a decisão de seus ex-chefes. Até agora.

Uma decisão bizarra

A coisa ficou sem sentido, depois que a rede social de Brin e Palmer começou a ganhar a web, neste ano: quase 10 milhões de usuários, em duas semanas, segundo a Wired, em 12 de julho. Um ano havia passado e os “garotos” do Google não cederam. Adams não gostou. Afinal, não havia nada secreto e comprometedor que pudesse prejudicar os lucros de Brin e Palmer. Nenhuma tecnologia proprietária, nenhum segredo de negócios, nada que já não fosse público. Adams nunca concordou inteiramente com a filosofia empresarial do maior motor de buscas da rede. “O Google valoriza tecnologia, não ciência social”, explicou ele, comentando o livro, uma coleção de artigos acadêmicos que abordam o tema das redes sociais sob um ponto de vista mais sociológico. Quando apresentou seu conceito de “círculos sociais”, Adams procurou emular a vida social real, por acreditar que as redes sociais que têm sido criadas na web não correspondem às suas contrapartidas na vida real.

O pesquisador/designer enxergou o óbvio que ninguém mais parecia notar: nas nossas redes sociais reais não misturamos todas as pessoas desordenadamente. Lidamos a toda hora com gente diferente, e, de alguma forma, temos que organizar todos os nossos contatos sociais em algum fundo lógico. Por mais que as emoções e irracionalidades embutidas na vida cotidiana exerçam coerção social, os homens vão sempre tentar pôr ordem na bagunça. Atribuir sentido a um conjunto caótico onde se juntam agentes sociais individuais diferentes, com interesses diversos e muitas vezes incompatíveis entre si, tem um nome: vida social. A comercialização destas pelas redes sociais está no coração do capitalismo contemporâneo, explica Bruce Sterling, na Wired.

Adams resumiu isso tudo num livro cuja publicação o Google se recusa a autorizar até o dia de hoje. Mesmo depois de inúmeros pedidos do autor. Que, infelizmente, não tem todos os direitos, nem o poder financeiro, para contestar a decisão bizarra do Google. Que ainda se recusa a comentar a decisão que mantém até hoje.

Índice de satisfação do consumidor

O Facebook é a 10ª empresa mais odiada nos Estados Unidos. Foi o que publicou o Business Insiderno dia 30 de junho. A mega-rede está mal cotada por sua má administração e proteção de dados de usuários e por seu comportamento arrogante ao fechar dezenas de recursos de software (Apps) de os usuários gostam sem aviso prévio.

O nono lugar ficou para outra rede social: o fracassado My Space, que não está mais agradando, não atrai mais ninguém e também não protege como devia os dados dos usuários. Além disso, o público acha que ele tem uma “interface ruim”. Está feio, ultrapassado e procurando, sem encontrar, um meio de se “reinventar”. Mas uma bola fora para Murdoch…

São cinco as empresas da área das comunicações entre as 10 primeiras da lista negra da Avaliação do Índice de Satisfação do Consumidor Americano (ASCI): três empresas de TV por assinatura e internet banda-larga, a Time Warner Cable, a Comcast, a Charter Communicationse as duas redes sociais.

Tráfico de animais silvestres

Cães e gatos têm páginas no Facebook e sua própria rede social. De cada dez animais de estimação, um tem presença no Facebook, noticiou o sério The Telegraph, de Londres. Mas deixou de fora a notícia da existência uma rede social só para animais domésticos: é a Critter. O nome é uma alusão óbvia ao microblog. Mas a interface lembra mais o Facebook…

Stephen Davies, especialista de mídia digital, disse que “o fenômeno não é tão peculiar como pode parecer”. Ele explicou que “a rede social tem um papel cada vez mais importante em nossas vidas, sendo apenas natural que nossos animais de estimação se transformem em parte do fenômeno também. Nós usamos locais como Facebook e Twitter como uma extensão de nós mesmos, e quando pensamos em animais de estimação como parte da familia nós os queremos envolvidos também”, concluiu ele. E acrescentou: “Há uma demanda insaciável animais de estimação na web.”

Realmente, há uma enorme demanda de animais, e não só domésticos. Muitos sites exibem abertamente animais proibidos de serem comercializados. Há poucos dias, uma reportagem no canal pago Animal Planet mostrou a proliferação de animais exóticos de países tropicais na Europa e Estados Unidos. Um número crescente de animais exóticos que muitas vezes acabam abandonados em meios impróprios. Os bichos são comprados, vendidos na web e depois contrabandeados para países e ambientes incompatíveis. A fauna dos países tropicais acaba ameaçada em sua integridade e os animais que vão para outros países, por sua vez, ameaçam as espécies locais: acabam se reproduzindo e causando impactos ambientais graves.

O Brasil, pela enorme diversidade de sua fauna, é muito visado por traficantes internacionais e participa com 15% do total mundial do tráfico de animais silvestres, informou o “Ambiente Brasil“. Que só é menos rendoso que o de drogas e o de armas.

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[Sergio da Motta e Albuquerque é mestre em Planejamento urbano e regional, consultor e tradutor]