Este ano pode ser um divisor de águas no setor de mídia nos EUA. A revista Advertising Age prevê que o volume de faturamento com anúncios dos dois maiores intermediários de publicidade na internet – Yahoo e Google – alcançará o das três grandes redes de TV aberta – ABC, CBS e NBC. Os ganhos das companhias de internet podem ser turbinados por uma nova modalidade de cobrança que o Google está testando: o leilão de espaço para anúncios em determinados sítios ou relacionados com resultados de busca específicos.
Uma grande fonte de renda da companhia é o sistema AdSense, pelo qual vende publicidade em sítios de terceiros, com a possibilidade de a propaganda estar relacionada com o assunto da página, o que aumenta a efetividade – fator que interessa ao anunciante. Este passará a ter a opção de escolher em que páginas exatamente quer que seu anúncio apareça, quando antes apenas podia restringir o tema. Outra mudança a ser introduzida pelo Google – que sempre foi conservador com relação à publicidade, no sentido de privilegiar o texto e a leveza dos sítios – é a adoção, ainda que moderada, de animações e vídeos nos anúncios.
Como reporta The Economist [27/4/05], desde o estouro da bolha da internet, em 2001, que representou um precipício no mercado de publicidade na Rede, este é o meio que mais tem crescido em faturamento. Em 2004, o crescimento mundial do ramo foi de 21%, segundo a companhia de pesquisas de mercado ZenithOptimedia. Os resultados de Google e Yahoo, nos primeiro trimestre de 2005, são, respectivamente, 93% e 55% maiores que no mesmo período do ano passado.
Fim dos jornais?
Matéria do New York Times [26/4/05] dá conta de que a internet também está afetando a publicidade nos jornais. Enquanto Yahoo e Google apresentavam estes índices extraordinários de crescimento, a Dow Jones, que publica The Wall Street Journal, por exemplo, registrou encolhimento de 10,8% em seu faturamento com anúncios. A própria New York Times Company teve aumento de apenas 0,8%, incluindo sua divisão de internet. Dados de publicações dos EUA mostram que os mais afetados são os jornalões. Os diários pequenos têm mantido um nível razoável de crescimento.
Em artigo para o Los Angeles Times [27/4/05], Andrés Martinez observa que Google e Yahoo já têm, hoje, valores de mercado (cerca de US$ 60 bilhões e US$ 50 bilhões, respectivamente) muito maiores que os dos grandes jornais americanos, mas que ainda dependem do conteúdo produzido por eles, pois não têm redações próprias. Por isso, o natural seria que, em breve, essas duas companhias comprassem algum diário importante. A Dow Jones, por exemplo, está em baixa, valendo ‘apenas’ US$ 3 bilhões. ‘O valor do Google, muitas vezes, flutua esse volume em apenas um dia’, escreve Martinez, comentando que o interesse das companhias de internet em adquirir um veículo jornalístico tradicional seria a obtenção de direitos exclusivos sobre seu conteúdo prestigiado. ‘Isso poderia ficar ainda mais interessante se o comprador desse o próximo passo lógico e abandonasse a edição impressa de uma vez por todas’, conclui.