O governo da Malásia pediu à mídia nacional para não fazer alarde com relação aos problemas de discriminação racial no país. O tema ganhou força após protestos realizados pela minoria de origem indiana, no fim de novembro, contra a discriminação racial exercida pela maioria malaia. Segundo Che Din Yusoh, do Ministério de Segurança Interna, editores de jornais receberam um ‘conselho verbal’ para não enfatizarem temas delicados relacionados à manifestação do dia 25/11, que reuniu cerca de 10 mil pessoas. Na ocasião, a polícia chegou a usar gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. ‘Não sensacionalizem o que a polícia está fazendo. Não mostrem um quadro negativo’, foi pedido.
A maior parte dos jornais da Malásia é controlada pelo governo ou por partidos políticos da coalizão no poder. Os diários também operam sob licença governamental, que deve ser renovada anualmente. Já os sítios de notícias não têm estas restrições.
Tabu
Tradicionalmente, a mídia do país é pró-governo, mas alguns jornais vêm, nos últimos anos, discutindo abertamente assuntos como relações inter-raciais, consideradas tabu. Alguns chegaram a publicar ampla cobertura da manifestação. Os indianos alegam ser vítimas de limpeza étnica na Malásia. Segundo o Malaysiakini, portal de notícias independente, editores de todos os jornais foram intimados pelo governo para uma reunião, na qual foi pedido para não dar evidência à ONG Ação pelos Direitos Hindus, grupo que lidera os protestos.
Yusoh afirmou que o Ministério monitorou a mídia para ter certeza que a cobertura não prejudicaria a segurança nacional ou provocaria desordem social. Os protestos do mês passado levantaram temores de que a paz entre os três principais grupos do país – malaio-muçulmanos, que constituem 60% da população de 27 milhões de pessoas; chineses, que representam ¼ da população; e indianos hindus, que são 8% – fosse perturbada. A etnia malaio controla o governo e a chinesa domina o mercado. Os hindus reclamam das más condições financeiras, da má educação e da falta de oportunidades de trabalho, porque o governo dá tratamento preferencial aos malaios. Informações de Julia Zappela [Associated Press, 6/12/07].