A paralisação dos roteiristas de Hollywood por participação nos lucros dos programas exibidos na internet ganhou força, ironicamente, na própria rede. O sindicato Writers Guild of America entrou em greve no dia 5/11, pela primeira vez em 20 anos. Os estúdios de cinema, produtoras e redes de TV, representados pela Alliance of Motion Picture e Television Producers, alegam que ainda é muito cedo para determinar qual modelo de negócios terá sucesso na rede. Eles querem flexibilidade para experimentar, sem ter de estar presos a fórmulas estabelecidas de pagamento.
Piquete virtual
Na quarta semana de greve, os roteiristas decidiram usar ferramentas como blogs, vídeos e outros métodos de divulgação na internet para chamar mais atenção à causa. Unidades do sindicato de roteiristas de diversas regiões dos EUA passaram a divulgar releases e informações adicionais em seus sítios. Alguns grevistas começaram a usar como canal de comunicação o sítio de relacionamento MySpace, que ironicamente pertence ao conglomerado de mídia News Corporation, afetado pela greve. ‘Não deve ser nada divertido para Rupert Murdoch [dono da News Corp] me ver fazendo isto em seu ‘quintal’’, escreveu Kristen Stavola, criadora do sítio Hollywood Interrupted, em uma paródia com o filme Garota Interrompida.
Um dos vídeos mais populares – que já foi visto mais de 550 mil vezes no YouTube – é o The Office is Closed (‘O Escritório está Fechado’, tradução livre), gravado durante os protestos pelo roteirista Peter Rader, da série The Office. O vídeo mostra o produtor e roteirista Greg Daniels criticando redes de TV que alegam estar usando reprises do seriado apenas por motivos ‘promocionais’. ‘Chegamos à conclusão que tínhamos a oportunidade de usar a internet contra as empresas que estão tentando dominar a rede’, diz Rader.
Sem roteiro, sem fala
Outro exemplo de mobilização é a campanha Speechless, que apresenta vídeos, com a participação de atores famosos, para ilustrar a falta que os roteiristas fazem. ‘A idéia é atrair a atenção de todos para a greve’, afirma George Hickenlooper, um dos criadores da campanha.
Nikki Finke, colunista do LA Weekly, foi a primeira a exibir tais vídeos em seu sítio, Deadline Hollywood Daily. De certo modo, a greve foi benéfica para Nikki, que viu o tráfego aumentar após os clipes. Antes da paralisação, ela acumulava 350 mil page views por dia. Desde o começo dos protestos, sua audiência subiu para quase um milhão diariamente. A colunista já publicou mais de 100 posts sobre o tema. Nikki estima receber dois mil e-mails por dia. ‘Está sendo difícil, mas satisfatório, pois eu amo notícias. Para mim, um furo é melhor que sexo’, compara. Informações de Gary Gentile [AP, 26/11/07] e de Brian Stelter [New York Times, 26/11/07].