Um ano e meio depois que Steve Jobs o endossou de maneira inusitada, um conjunto de técnicas de programação chamado HMTL5 está conquistando rapidamente a web. A tecnologia permite que os programas de navegação na internet exibam imagens e efeitos mais sofisticados, que reagem às ações dos usuários para propiciar um grau de interatividade igual ao dos videogames mas sem exigir a instalação de software adicional. Os programadores também podem usar o HTML5 para lançar suas criações numa variedade de smartphones, tablets e PCs sem ter de adaptar os aplicativos para qualquer hardware específico ou para as lojas online que se transformaram em verdadeiros portões de entrada para o comércio de conteúdo para eletrônicos portáteis.
Essa capacidade – e especialmente o atrativo dos aparelhos da Apple Inc. – está deixando para trás tecnologias alternativas. No acontecimento mais recente dessa tendência, a Adobe Systems Inc. informou semana passada que vai parar de oferecer para eletrônicos portáteis seu formato rival Flash, que enfrentava a oposição de Jobs. “O HTML5 é um passo adiante importante”, declara o capitalista de risco Marc Andreessen, que na década de 90 ajudou a inventar o primeiro navegador bem-sucedido, o Netscape.
Outro investidor do Vale do Silício, Roger McNamee, prevê que a tecnologia vai permitir que artistas, empresas de comunicação e anunciantes diferenciem suas ofertas na web de maneiras que não eram possíveis antes. “O HTML5 vai retornar o poder às mãos do pessoal da criação”, diz ele. Muitas empresas estão apostando nisso. A Amazon.com Inc. usou o HTML5 para um aplicativo da web chamado Kindle Cloud Reader, que dribla as regras da Apple para vender conteúdo em seus iPhones e iPads.
Compatíveis com Android e iOS
A Rovio Entertainment Ltd., que criou o “Angry Birds”, desenvolveu uma versão do jogo em HTML5 que lança projéteis aviários contra os porcos inimigos sem precisar de um aplicativo. Publicações como as revistas Playboy e Sports Illustrated usaram o HTML5 para permitir que seus leitores ampliem o tamanho das fotos on-line e naveguem rapidamente pelas galerias. A tendência tem sido alimentada pela Apple, a Google Inc. e a Microsoft Corp. – concorrentes que muitas vezes discordam sobre escolhas de tecnologia –, por meio do suporte ao HTML5 que deram nas últimas versões de seus navegadores da internet. Também fizeram isso a Mozilla Foundation, que criou o Firefox, e a Opera Software ASA.
Cerca de 34% dos 100 websites mais populares usaram HTML5 no trimestre encerrado em setembro, de acordo com binvisions.com, um blog que acompanha as tecnologias da web. A empolgação tem se espalhado, apesar do fato de o HTML5 não dispor de alguns recursos cruciais. E muitos usuários não notam muita diferença em relação aos sites que usam o Flash.
A Google continua dando suporte ao Flash no navegador que vem com seu sistema operacional Android. Mas os programadores querem criar aplicativos para a web compatíveis tanto com o Android quanto com o iOS, o sistema operacional para smartphone da Apple, diz Danny W. Winokur, gerente-geral de desenvolvimento de interatividade da Adobe. “Se você quer poder fornecer uma experiência na web compatível com vários aparelhos, precisa fazer isso com HTML5”, diz ele.
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[Don Clarké do Wall Street Journal]