O Asharq al-Awsat, jornal árabe publicado no Reino Unido, admitiu ter escrito três artigos ‘totalmente falsos’ em 2006 sobre visitas secretas do primeiro-ministro do Catar – o xeque Hamad bin Jassim al-Thania – a Israel e pediu desculpas a ele na Alta Corte de Londres.
A primeira matéria afirmava que al-Thania – que também é o ministro do Exterior do Catar – teria passado por Israel antes de ir à conferência de ministros do Exterior árabes em Beirute e lá teria se reunido por quatro horas com ministros no governo israelense. Segundo o diário, o primeiro-ministro teria dito a eles que suas declarações sobre ‘estar pronto para cortar relações com o país caso uma decisão coletiva árabe fosse tomada para tal’ tiveram a intenção ‘apenas de silenciar os críticos do Catar e, portanto, não deveriam ser levadas a sério’.
O advogado de al-Thania, Cameron Doley, contou à corte que o segundo artigo, publicado oito dias após o primeiro, repetiu as acusações e ainda sugeriu que a negação pública do primeiro-ministro sobre as declarações divulgadas no jornal era uma ‘mentira deplorável’. Já a terceira matéria, escrita pelo editor-chefe do Asharq al-Awsat, reforçava tudo o que foi publicado e afirmava que al-Thania teria alertado os israelenses sobre a posição árabe que seria tomada na conferência.
A corte concluiu que os três artigos foram negados não apenas pelo primeiro-ministro, como também pelo governo de Israel, que confirmou que o suposto encontro nunca aconteceu. Registros da viagem aérea também mostravam ‘sem sombra de dúvida’ que al-Thania voou diretamente para a conferência de Beirute via Damasco. Aidan Eardley, conselheiro do Asharq al-Awsat, disse que o diário lamentava os ‘transtornos causados pelos artigos’. Informações de Leigh Holmwood [Guardian.co.uk, 21/7/08].