A Arábia Saudita proibiu a circulação do jornal al-Hayat no reino, dias após ele noticiar que um homem saudita teria servido de peça-chave para um grupo ligado à al-Qaeda no Iraque. O jornal parou de chegar às bancas no início da semana. O governo saudita e representantes do al-Hayat em Londres, onde fica sua sede, não quiseram comentar o assunto.
Um jornalista envolvido no caso informou, entretanto, que o Ministério da Informação e Cultura impôs a proibição depois que o jornal publicou um artigo sobre o saudita Mohammad al-Thibaiti, que teria papel importante no grupo extremista Estado Islâmico do Iraque. ‘As autoridades confiscaram as cópias antes que elas chegassem às bancas e ordenaram a proibição indefinida do jornal’, afirmou o jornalista, membro da Associação de Imprensa Saudita. Ele não quis se identificar por temer represália.
Motivo obscuro
Dawood al-Shirian, ex-diretor do al-Hayat e um dos mais influentes jornalistas da Arábia Saudita, disse acreditar que o motivo para a proibição seja outro. Hoje vice-diretor da emissora al-Arabiya, al-Shirian afirma ter ouvido de funcionários do jornal que o ministro da Informação, Iyad Madani, teria pedido que alguns jornalistas fossem cortados, mas que a direção do al-Hayat se recusou a fazê-lo. ‘O ministro acredita que estes colaboradores são críticos aos ministros em si, e não a seu desempenho; que eles estão levando suas críticas para o lado pessoal’, resume.
O al-Hayat pertence ao príncipe Khaled bin Sultan, filho do ministro da Defesa. O próprio Khaled é vice-ministro da Defesa e um dos mais influentes membros da família real. Jornais sauditas devem seguir regras do governo, mas não ficou claro se o artigo sobre al-Thibaiti chegou a ser vetado por algum funcionário governamental antes de ser impresso. O jornal, que é editado em Londres, já havia sido alertado quanto a seus limites a assuntos sensíveis à Arábia Saudita. Informações de Salah Nasrawi [AP, 28/8/07].