Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

LinkedIn intensifica o boom da web

O frenesi com as empresas de tecnologia do Vale do Silício explodiu na bolsa ontem com a ação da LinkedIn Corp. mais que dobrando no primeiro dia de pregão, o que cria um cenário favorável para a abertura de capital de outras empresas de internet como Facebook Inc. e Groupon Inc.

A demanda desmedida pela ação – de uma empresa de internet que está crescendo rápido mas teve lucro de apenas US$ 15,4 milhões ano passado – é o sinal mais recente da alta – alguns dizem bolha – no valor de mercado das empresas de internet, mesmo com o resto da economia americana ainda lutando para se recuperar da recessão.

A ação do LinkeIn, que opera um site de relacionamentos voltado a contatos profissionais, estreou ontem na Bolsa de Nova York a US$ 83, uma alta de 84% em relação ao preço de sua oferta pública inicial, de US$ 45. No fim do pregão, às 16h de Nova York, a ação já tinha subido 109%, para US$ 94,25. No fim do dia o LinkedIn era avaliado em US$ 8,9 bilhões, ante cerca de US$ 4 bilhões no início da semana e US$ 2,5 bilhões alguns meses atrás.

Foi a maior abertura de capital de uma empresa de internet desde a do Google Inc., em 2004, e gerou lucro para várias empresas de capital de risco, como a Sequoia Capital, e também para antigos e atuais funcionários do LinkedIn. Uma ex-funcionária, Kay Luo, foi para a sede do LinkedIn às 6h para beber champanhe e comemorar com os antigos colegas.

“Todo mundo ficou bastante empolgado – e aí a cotação dobrou e foi simplesmente chocante”, disse Luo, 38 anos, que disse ter recebido as ações por cerca de US$ 1 mas não quis divulgar quanto faturou no fim. Ela recebeu rapidamente dois telefonemas de parabéns pela abertura de capital – um do pai e outro do seu contador.

Demanda intensa

O momento trouxe lembranças da abertura de capital da Netscape Communications Corp., em 1995, quando a estreia da produtora do navegador de internet abriu caminho para as ofertas públicas de empresas pontocom como as varejistas Webvan Group Inc. e Amazon.com Inc. Agora os investidores e outros preveem que o LinkedIn será seguido por uma enxurrada de empresas da web, como Groupon, Facebook e Twitter Inc., que até agora têm sido valorizadas em meio a um boom do mercado para empresas de capital fechado.

“O negócio da Netscape estava realmente funcionando quando abrimos o capital dela e, da mesma maneira, o negócio do LinkedIn está realmente funcionando”, disse Ben Horowitz, um ex-executivo da Netscape e cofundador da firma de capital de risco Andreessen Horowitz, junto com Marc Andreessen, um dos fundadores da Netscape. “O LinkedIn é um verdadeiro exemplo da área que o mercado acredita que as empresas de grande crescimento podem explorar.”

Numa entrevista ao Wall Street Journal, o diretor-presidente do LinkedIn, Jeff Weiner, minimizou a importância do salto da ação. “Isso não é necessariamente indicativo de nada”, disse. “O mercado faz o que acha que tem de fazer.”

O Facebook e o Twitter se negaram a comentar. O Groupon não respondeu a pedidos de comentário.

Alguns investidores enfatizaram que o valor do LinkedIn é alto demais para uma empresa que gerou receita de US$ 243 milhões no ano passado. O LinkedIn também se beneficia de toda a demanda por ser uma das primeiras aberturas de capital de empresas da web do tipo, acrescentaram analistas.

“O LinkedIn tem a vantagem de sair na frente, de ser o primeiro de seu tipo a abrir o capital, e isso tem um papel significativo no volume de negócios que vemos hoje”, disse Lee Simmons, um especialista em tecnologia e mídia da Hoover’s, uma firma de análise. “Mas se o Facebook tivesse ido a mercado na semana passada, esta ação não teria certamente subido tanto.”

Também contribuiu para a demanda intensa o fato de a quantidade de ações do LinkedIn ofertadas ser pequena: 7,84 milhões. Para comparação, o Google abriu o capital em agosto de 2004 com a oferta de quase 20 milhões de ações. Pessoas ligadas à transação do LinkedIn disseram que a quantidade pequena de ações disponíveis ao público – menos de 10% do capital social – contribuiu para seu enorme ganho de primeiro dia.

Tempo da audiência

O desempenho produziu um contraste gritante para outra abertura de capital destacada de ontem, a oferta de US$ 11 bilhões da gigante suíça de commodities Glencore International, que encerrou seu primeiro dia na Bolsa de Londres com a ação inalterada.

Enquanto diretores do LinkedIn se reuniam em Mountain View, na Califórnia, para celebrar sua nova riqueza, operadores de Wall Street se aglomeravam. “Foi a maior quantidade de gente de que me lembro”, disse Elliott Roman, diretor de operações de pregão da Direct Access Partners. Ele disse que havia cerca de cem corretores amontoados no posto do LinkedIn na Bolsa de Nova York quando a negociação começou.

Alguns investidores que haviam comprado ações do LinkedIn no mercado para empresas fechadas, por sua vez, estavam extasiados. “Uau”, disse David Williams, um investidor de San Francisco que havia comprado 20.000 ações do LinkedIn em transações privadas no ano passado por US$ 18 e US$ 21 cada. Ele calculou que havia ganhado mais de cinco vezes o que investiu em apenas pouco mais de um ano com a ação.

O LinkedIn, que tem mais de 100 milhões de usuários, permite que as pessoas se conectem profissionalmente on-line e fornece ferramentas de recrutamento. A empresa ganha dinheiro com anúncios, assinaturas e ferramentas de contratação para pessoal de RH. Ela advertiu que o crescimento da receita vai desacelerar e ela será deficitária em 2011, porque vai investir em tecnologia e crescimento internacional.

A empresa enfrenta desafios de empresas maiores da web, como o Facebook, com seus mais de 600 milhões de usuários. Os membros do Facebook também usam o site com mais frequência. Em março, os visitantes do Facebook gastaram uma média de 309 minutos no site, em comparação com 16 minutos para visitas ao LinkedIn, segundo a firma de pesquisa Comscore Inc. (Colaboraram Don Clark, Shayndi Raice e Amir Efrati)

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Do Wall Street Journal