Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Livro de McClellan critica atuação da imprensa

No livro What Happened: Inside the Bush White House and Washington´s Culture of Deception (O que aconteceu: por dentro da Casa Branca de Bush e da cultura da enganação de Washington, tradução livre), Scott McClellan, ex-porta-voz da Casa Branca, afirma que a mídia dos EUA negligenciou seu papel fiscalizador antes da invasão americana ao Iraque, chamando os repórteres de ‘cúmplices’ da administração Bush no incentivo à guerra.

Surpreendentemente, alguns jornalistas de prestígio concordaram com McClellan, reporta Brian Stelter [New York Times, 30/5/08]. Katie Couric, âncora do CBS Evening News, disse que, nos meses anteriores à invasão do Iraque, sentia a pressão do governo e de executivos da mídia para falar do assunto sob um aspecto positivo.

Em entrevista no The Early Show, da CBS, Katie alegou que a falta de ceticismo dos jornalistas em relação à atuação do governo Bush na guerra foi ‘um dos capítulos mais embaraçosos no jornalismo americano’. ‘Também me senti pressionada pelos grupos proprietários das empresas onde trabalhamos e do governo para eliminar qualquer opinião dissidente ou de questionamento’, lembra. Na ocasião, ela era apresentadora do Today, na rede NBC.

Para Jessica Yellin, que trabalhou para a MSNBC em 2003 e hoje é funcionária da CNN, os jornalistas estavam ‘sob enorme pressão dos executivos para garantir que a guerra fosse apresentada de maneira consistente com a febre patriótica da nação’. Andrew Heyward, que chefiava a CBS News em 2003, concorda. Para ele, o trauma dos ataques do 11/9 e o sentimento de patriotismo podem ter contribuído para apagar o ceticismo da mídia sobre a guerra.

Batata quente

Procurada pelo NYTimes, uma porta-voz da General Electric, proprietária da NBC e da MSNBC, não quis se pronunciar sobre os comentários dos profissionais de imprensa, afirmando apenas que a ‘General Electric nunca interferiu, e nem irá, no processo editorial da NBC News’.