Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Financial Times fura bloqueio com aplicativo via web

O Financial Times lançou ontem um aplicativo baseado na web para smartphones e tablets que permite à publicação furar o bloqueio de lojas online como iTunes, da Apple; Android Market, do Google; e as de outros distribuidores para assegurar um relacionamento direto com os leitores. O lançamento – o primeiro desse tipo feito por uma grande companhia de jornais – ocorre depois de várias empresas jornalísticas expressarem descontentamento com a relutância da Apple em compartilhar dados detalhados sobre as identidades e o comportamento dos usuários de seus aplicativos.

Em fevereiro, a INMA, uma associação internacional do setor de mídia, manifestou preocupação com as novas regras da Apple relativas às assinaturas de conteúdo no iPhone e no iPad. “Um relacionamento direto com os clientes é crucial para as companhias jornalísticas”, afirmou a INMA. John Ridding, executivo-chefe do Financial Times, que é controlado pela Pearson, disse que continuava a conversar com a Apple sobre as preocupações relativas ao compartilhamento dos dados, mas acrescentou: “Isso não é sobre a Apple. É sobre nossos leitores e como garantir que eles tenham uma experiência consistente.” O aplicativo do Financial Times foi feito com base no padrão HTML5 e replica as funções dos aplicativos móveis em browsers instalados em aparelhos como o iPhone e o iPad, da Apple; telefones com o sistema Android, do Google; e o tablet Xoom, da Motorola.

“Uma audiência global”

Rob Grimshaw, diretor-executivo do FT.com, disse que o Financial Times não tem planos de abandonar qualquer loja online de aplicativos, mas vai encorajar os usuários a adotarem o aplicativo baseado em web com uma campanha de marketing, o que inclui uma semana de acesso gratuito. Analistas dizem que o movimento do Financial Times pode encorajar outras companhias jornalísticas a seguir o exemplo. Algumas delas, porém, podem não fazer isso devido à simplicidade do iTunes, que tem detalhes dos cartões de crédito de 200 milhões de pessoas e permite downloads com um clique ou dois. “O Financial Times sempre é um caso especial porque há uma disposição em pagar pelo conteúdo do FT, o que não acontece com qualquer publicação. Isso não é algo que vá funcionar com jornais americanos de segunda linha”, diz Benedict Evans, da Enders Analysis, de pesquisa em setores como mídia e entretenimento.

O Financial Times pertence a um pequeno grupo de companhias jornalísticas que cobra pelo conteúdo digital há anos. O jornal tem 224 mil assinantes digitais. Grimshaw disse que cerca de 15% de seus novos assinantes digitais foram conquistados por meio dos dispositivos móveis. Ridding afirmou que o aplicativo é parte de uma estratégia mais ampla: “Temos um modelo pago que funciona e distribuição global e a capacidade de alcançar uma audiência global por meio dos aparelhos móveis é claramente uma grande oportunidade.”