Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Luta pelo direito de acesso à informação pública tem avanço


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 24 de novembro de 2009


 


ACESSO A INFORMAÇÃO


Editorial


Notas públicas, enfim


‘O DIREITO à informação obteve avanço importante, ainda que parcial, com a entrega pela Câmara dos Deputados, ao Supremo Tribunal Federal (STF), de dados sobre milhares de documentos solicitados em mandado de segurança da Folha.


São notas fiscais apresentadas por parlamentares para justificar gastos com a chamada verba indenizatória. Despesas feitas com dinheiro do contribuinte, mas que a Mesa da Câmara se considerava no direito de manter longe do público. Tal sigilo ainda subsiste para parte dos documentos do Senado.


A verba indenizatória, um aumento de salário disfarçado, foi criada em 2001 pelo então presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). Cada parlamentar podia ter até R$ 7.000 reembolsados, contra apresentação de comprovantes fiscais de gastos no exercício do mandato. O valor depois subiu para R$ 15 mil e hoje é de até R$ 34 mil.


O esforço para ganhar acesso às notas teve início em 2003 e só produziu frutos agora, após o escândalo que envolveu o deputado Edmar Moreira (PR-MG, ex-DEM) e notas de sua empresa de segurança. Moreira terminou inocentado, por alegada falta de regras claras para uso da verba, mas a pressão pública forçou a decisão de divulgar os dados das notas a partir de abril, tanto pela Câmara quanto pelo Senado. Permaneceram sigilosos, contudo, os documentos anteriores.


A presente cessão das informações pela Câmara resulta da desistência do presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), de aguardar julgamento do mérito de liminar-já derrubada- do ministro Marco Aurélio Mello para ceder os comprovantes. Antecipando-se à possível derrota, Temer franqueou acesso aos 70 mil documentos, como já fizera com todas as notas fiscais desde abril deste ano.


O panorama que emerge do exame minucioso dos comprovantes revelados é devastador para a Câmara. Não faltam endereços fictícios e empresas desconhecidas entre aquelas que supostamente forneceram serviços aos parlamentares. Como no caso do abuso com passagens aéreas e tantos outros, basta entreabrir qualquer caixa-preta do Congresso para dela saltar toda sorte de malversações.


O saldo, no entanto, resulta positivo para a instituição. Hoje qualquer deputado ou senador pensará duas vezes antes de tratar verbas públicas como se fossem benefícios privados. Temer já enviou para a Corregedoria 25 casos apontados pelo jornal. A sociedade ganha poderoso instrumento de fiscalização, para emprego em todos os níveis e setores do poder público.


A vitória da transparência só não é completa porque os documentos obtidos dizem respeito apenas à Câmara e aos quatro meses finais de 2008. Continuam na obscuridade os comprovantes apresentados por deputados antes disso, desde 2001, e todos os de senadores de 2003 até 2009.


Isso, claro, até que se manifestem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), e o ministro Joaquim Barbosa, do STF, que aguarda pronunciamento da Procuradoria Geral da República sobre a ação correspondente.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


A visita


‘Os israelenses ‘Haaretz’ e ‘Jerusalem Post’ passaram o dia com chamadas na home para o ‘Café com o Presidente’ em que Lula defendeu não ‘isolar o Irã’. Mas estavam ambos mais atentos às negociações de seu próprio governo com o Hamas, para a troca de um soldado por ‘centenas de palestinos’.


O iraniano ‘Tehran Times’ deu manchete no papel e depois on-line para ‘Ahmadinejad encontra Lula’. O site do canal de notícias estatal Press TV fechou o dia com a notícia, sem destaque, de que o ‘Brasil quer solução justa para a questão nuclear’.


Na Al Jazeerah, o canal do Qatar, a correspondente Lucia Newman destacou os protestos.


Nos EUA, foi uma das principais notícias do dia, no agregador da Slate. No alto das páginas iniciais de ‘Wall Street Journal’ e do Huffington Post, despachos sobre o ‘Café com o Presidente’.


Na home do ‘New York Times’, fim do dia, o correspondente Alexei Barrionuevo também se concentrou no programa de rádio, com a chamada ‘Presidente do Brasil defende visita de líder iraniano’.


Encerrada a visita, o ‘Financial Times’ postou que ‘Irã e Brasil pedem reforma da ONU’.


Por aqui, por Folha Online e outros, ‘Lula defende enriquecimento de urânio para fins pacíficos no Irã’. Já o ‘Jornal Nacional’ abriu descrevendo um Brasil ‘no centro das atenções no mundo’.


COTOVELADA


Por aqui, ecoou também a reportagem do ‘NYT’, no papel, ‘Brasil acotovela EUA no palco diplomático’. Na tradução da BBC Brasil, ‘dá cotovelada’. O correspondente ouviu o chanceler Celso Amorim e o Departamento de Estado, este dizendo esperar ‘que o Brasil interprete um papel construtivo no esforço de levar o Irã a fazer a coisa certa’. A instituição Inter-American Dialogue, de Washington, avaliou que foi ‘parte da ação do Brasil de projetar seu papel como ator global’, o que inclui ‘enviar uma mensagem a Washington de que vai lidar com quem quiser’.


O ‘FT’, que abriu foto de protesto na capa (acima), disse ser um ‘teste para a diplomacia brasileira’ e também deu voz para o Departamento de Estado.


NO MEIO DO PALCO


A instituição Americas Society, de Nova York, também citada nos jornais, postou diversas análises sob títulos como ‘Lula eleva perfil no Oriente Médio’ e ‘Brasil amplia papel nas discussões entre israelenses e palestinos’, com as visitas dos respectivos presidentes. Em vídeo, um diretor questionou o governo brasileiro por romper o isolamento quando a ‘comunidade internacional tenta isolar o Irã por suas ambições nucleares’.


Por outro lado, o blog da Americas Society postou que em semanas a Polícia Federal começa a usar os aviões não tripulados (acima) que adquiriu como ‘parte do acordo’ fechado com Shimon Peres, presidente de Israel. A estreia é sobre as favelas de Rio e São Paulo.


MORATÓRIA DE RICO


Na semana do alerta da ‘Economist’ para o ‘buraco’ nas contas públicas dos EUA (imagem acima), o ‘NYT’ publicou ontem a manchete ‘Governo americano enfrenta onda de pagamentos de dívida’. Em suma, ‘uma montanha de dívida’ e ‘um balão de pagamentos de curto prazo nos próximos meses’. Os investidores globais já estariam ‘mudando seu dinheiro’ dos títulos do Tesouro dos EUA ‘para ações de empresas privadas e para países em rápido crescimento como o Brasil e a China’.


Na mesma linha, o ‘FT’ publicou que ‘Crescem apostas em calotes nos países ricos’. O endividamento crescente, EUA inclusive, ‘está levando os investidores a usar o mercado de derivativos para apostar na moratória dos títulos dos governos ricos’. Destaca a Itália.


SOB CONTROLE


O ‘Valor’ destacou, da Bloomberg, que ‘analistas de mercados emergentes estão reduzindo as recomendações de ‘comprar’ o Brasil para baixa recorde’, pois as ações ficaram ‘caras’ e ‘o governo impõe taxas’.


Já Jim O’Neill, criador dos Brics, falou ao Portal Exame para a manchete ‘Brasil acerta ao taxar estrangeiro’. Ele diz que se ‘preocupou um pouco’ com o país na capa da ‘Economist’, ‘porque a revista, de vez em quando, publica verdadeiras bobagens’. Porém:


‘Dito isso, desta vez eles estão certos. O Brasil vai crescer a uma taxa média de 5%, 6%, o que o transformará, quem sabe, na quarta economia até 2020.’’


 


 


FILIPINAS


Ataque nas Filipinas deixa 21 mortos em meio a disputa de clãs


‘Ao menos 21 pessoas, entre jornalistas, advogados e parentes de um político local, foram mortas ontem nas Filipinas, no aparente desfecho de uma disputa eleitoral entre dois clãs políticos no sul do país.


As vítimas viajavam em um comboio de vans quando foram sequestradas e, horas depois, encontradas mortas pelo Exército filipino. Não há notícias do paradeiro do restante do comboio, de cerca de 40 pessoas.


Entre os mortos estava Genalyn, mulher de Ismael Mangudadatu, líder de um clã político local e candidato ao governo da Província de Maguindanao (sul) nas eleições de maio de 2010. Genalyn e seu grupo estavam a caminho de uma cidade próxima para oficializar a candidatura de Mangudadatu (ausente do comboio) quando foram alvo do sequestro.


A candidatura de Mangudadatu desafiou outro clã local, de Datu Andal Ampatuan, que foi governador três vezes da região e cujo filho também concorrerá ao cargo no pleito de 2010.


Mangudadatu acusou seu rival pelas mortes: ‘Falei com [minha mulher logo após o sequestro, por celular], e ela disse que foram eles, os Ampatuan’. Os rivais não responderam.


Se confirmada a versão, será o pior episódio recente de violência política nas Filipinas. Acostumado a disputas sangrentas -principalmente no sul, palco de lutas separatistas e onde políticos contam com milícias privadas-, o país se chocou com as atrocidades de ontem. Segundo a mídia local, algumas vítimas foram mutiladas, decapitadas e estupradas.


O sindicato filipino de jornalistas disse que dez de seus membros estão desaparecidos. ‘Nunca o jornalismo sofrera uma perda de vidas tão grande no mesmo dia’, disse a ONG Repórteres Sem Fronteiras.


A disputa entre os dois clãs não é recente: no sentido inverso, Ampatuan acusara Mangudadatu de ter ordenado a morte de dois de seus filhos, em 2002.


A ameaça de que o caso derive em uma espiral de vingança levou o governo federal a declarar estado de exceção na região. Um assessor de Gloria Arroyo, a presidente filipina, disse que a matança ‘não tem equivalentes na história recente do país’.


Terra sob disputa


A Província de Maguindanao fica na ilha semiautônoma de Mindanao, de maioria muçulmana (no país predominantemente católico). Seu controle é disputado por rebeldes comunistas, separatistas islâmicos e governo federal. Porém, segundo análise da BBC, por ora não há sinais de que o episódio de ontem tenha relação com as causas separatistas, mas sim com disputas por poder e dinheiro na política regional.’


 


 


CENSURA


China condena ativista a três anos de cadeia


Um dissidente chinês foi condenado ontem a três anos de prisão, depois de ter responsabilizado o governo pela má qualidade da construção de centenas de escolas destruídas no terremoto de Sichuan, na China, no ano passado.


Huang Qi, 46, escreveu em seu blog que diversos pais de vítimas do terremoto culpam a corrupção e a má qualidade dos materiais de construção pela morte de seus filhos. Ele deu entrevistas a jornalistas estrangeiros fazendo a mesma acusação e foi preso em 10 de junho de 2008.


Segundo o governo, 5.335 crianças morreram em sala de aula quando as escolas desmoronaram em 12 de maio de 2008. Diversos prédios do governo e do Partido Comunista vizinhos às escolas que desabaram ficaram intactos.


Sua esposa, Zeng Li, que não pôde visitá-lo desde então, disse que ele foi acusado de ‘possuir segredos de Estado’, mas nem o juiz nem os promotores disseram quais seriam.


‘Possuir ou roubar segredos de Estado’ é uma acusação comum feita no país. A prisão de Huang faz parte de nova onda repressiva da China contra críticos de 2007 para cá, segundo ONGs, após certa liberalização nos anos 90.’


 


 


TELEVISÃO


Sílvia Corrêa


TVs desligadas são recorde em novembro


‘A notícia é péssima para emissoras e anunciantes. Na primeira quinzena deste mês, de cada 100 televisores do país, só 55 ficaram ligados no horário nobre -entre 18h e 0h. A média se mantém na medição da Grande São Paulo.


A queda de audiência é esperada em meses quentes -porque as pessoas saem mais à noite-, mas está acentuada neste ano.


A Folha obteve dados da medição feita pelo Ibope desde 2004, sempre para novembro. Na região metropolitana de São Paulo, o índice deste ano é o menor do período -em novembro de 2005, os televisores ligados no horário nobre chegavam a 63% do total. No país, os dados deste ano empatam com os de 2007, que são os menores medidos em seis anos.


Ibope trava n aguerra do domingo


O sistema de medição de audiência do Ibope na Grande SP saiu do ar na noite de domingo, impedindo que as emissoras acompanhassem a acirrada disputa travada entre ‘A Fazenda’ (Record), ‘Fantástico’ (Globo) e ‘Pânico’ (RedeTV!). Os índices deixaram de ser fornecidos em tempo real às 21h 40 e apresentaram falhas até a 0h 37 de ontem. O Ibope afirma diz que o problema foi nas operadoras de celular, que transmitem os dados dos domicílios para o instituto.


RAPIDINHA


Para driblar a exclusividade da Globo, o ‘Programa Amaury Jr.’ (RedeTV!) exibiu três minutos de conversa com Roberto Carlos. A RedeTV!diz que três minutos não exigem autorização. O cantor lamentou o fato de a fama o impedir de tomar sorvete na calçada. A Band tentará mostrar na sexta a entrevista feita por Adriane Galisteu.


SHOW DO PATRÃO


É Silvio Santos o nome mais cotado no SBT para apresentar ‘Programa das Loiras’, um game entre belas mulheres, que ainda estão sendo selecionadas.


NOVELA DA HEBE


Por falar em loira, Hebe Camargo receberá, sim,uma proposta de renovação do SBT, provavelmente até o dia 15 de dezembro. Há quem diga que ela não vai gostar.


REALITY DA SONY


Ainda restam quatro modelos na casado ‘Brazil’s Next Top Model’ (Sony), mas, no final de semana, o suposto resultado do reality estava na página em inglês da Wikipédia-a enciclopédia livre, que permite ao usuário alterar as informações dos verbetes. A página apontava Camila Trindade como campeã da terceira temporada.


ROCK ESTRADA


É ‘Asfalto’, do Dead Fish, a música escolhida como tema de abertura do ‘Rock Estrada’, que o Multishow estreia dia 15. Em 13 episódios, o programa vai acompanhar os bastidores dos shows do NX Zero, Fresno, Gloria e, é claro, Dead Fish.


SEM GEISY


O ‘Esquadrão da Moda’ (SBT) desistiu de convidar Geisy Arruda para o programa.’


 


 


Thiago Ney


Comediante Rick Gervais estrela série em torno de loja de celular


‘Parte de uma investida do Channel 4 na comédia, o seriado ‘Phoneshop’ estreou na televisão britânica duas semanas atrás, tendo o ator e comediante inglês Rick Gervais como um dos protagonistas.


Centrado em um jovem (interpretado por Tom Bennett) que deve vender um aparelho de telefone celular antes de o dia encerrar para conseguir seu emprego, ‘Phoneshop’ está sendo exibido pelo Channel 4 britânico. O programa é supervisionado por Talkback Thames e foi produzido e criado por Phil Bowker.


Em ‘Phoneshop’, o roteiro sai de um escritório qualquer (como era em ‘The Office’, o seriado que fez de Rick Gervais um comediante mundialmente conhecido) e centra-se em uma loja de telefones celulares.


Em vez de se apegar e de fazer rir a partir das características quase reais de seus personagens (como em ‘The Office’), em ‘Phoneshop’ as situações e piadas são feitas com certo exagero e excesso.


‘A premissa é bem simples’, disse Angela Jain, executiva do Channel 4, ao jornal britânico ‘The Independent’, dias atrás. ‘É um programa sobre um grupo de pessoas que trabalham numa loja de telefone celular.’


Emissoras americanas já estão interessadas na atração.


Gervais está ainda no filme ‘The Invention of Lying’, que já circulou pelos cinemas norte-americanos, e estrelará ‘Cemetery Junction’, que deve ser exibido no ano que vem.’


 


 


INTERNET


Luciana Coelho


Microsoft negocia pagar por notícias da NewsCorp


‘O bilionário da mídia Rupert Murdoch, dono do ‘Wall Street Journal’ e do londrino ‘Times’, negocia com a Microsoft a possibilidade de retirar o conteúdo de suas publicações do Google caso a empresa de Bill Gates lhe pague, noticiou ontem o ‘Financial Times’.


Um eventual acordo pode mudar a discussão entre agregadores de notícias e jornais sobre um modelo de negócios viável, elevando a pressão para que os primeiros passem a pagar pelo conteúdo dos últimos.


Nenhuma das empresas comentou a notícia.


Murdoch ameaça reiteradamente tomar ações legais contra o agregador de notícias (serviço que reúne links para reportagens de várias fontes) do Google. Já a Microsoft, de olho na vantagem do rival entre os buscadores, poderia beneficiar seu recém-lançado serviço Bing com conteúdo exclusivo.


Segundo o FT, as negociações estão no começo e partiram da NewsCorp, de Murdoch. Mas o diário britânico menciona que outras empresas de mídia receberam propostas semelhantes, o que colocaria ‘grande valor sobre conteúdos, caso os sites de busca estejam preparados para pagar’.


Copyright


O tema de copyright na União Europeia vem sendo acompanhado atentamente pela Comissão Europeia e pela WIPO, a Organização Mundial de Propriedade Intelectual.


Mas a jurisprudência ainda é escassa. A ofensiva de Murdoch e da Microsoft vem em um momento em que se debate a necessidade de uma legislação comum sobre o tema.


Em junho, o Conselho Europeu de Publishers e a Associação Mundial de Jornais lançaram a ‘Declaração de Hamburgo’, que defende leis de propriedade intelectual para textos jornalísticos reproduzidos na internet. O documento foi endossado pela Folha e outros jornais brasileiros neste mês.


Ontem, a comissária para Mídia e Sociedade da Informação da UE, Viviane Reding, fez um alerta em um evento de telecomunicação em Barcelona.


‘A disponibilidade de conteúdos atraentes será decisiva em futuras ofertas de aquisições e serviços de telecom’, disse. ‘Logo, temos a responsabilidade de proteger os direitos autorais, sobretudo em um ambiente econômico e tecnológico em evolução, ao mesmo tempo que retiramos barreiras à disseminação de conteúdos.’


Murdoch se tornou o defensor mais proeminente do copyright ao anunciar, em agosto, que passaria a cobrar pelo acesso on-line a suas publicações. Há duas semanas, voltou à carga contra o Google, ao qual acusa de ‘roubar reportagens’.


Por ora seus jornais ainda estão no Google News, restritos a sumários. Mas o dono da NewsCorp não quer no agregador nem extratos dos textos. A WIPO avalia, não formalmente, que mesmo a exibição de sumários viola direitos autorais.


O Google não quis comentar o caso da NewsCorp, mas afirmou que seus sistemas de busca geram um ‘benefício real’ ao direcionar tráfego a sites noticiosos e que ‘respeita os desejos dos donos do conteúdo’, removendo-o quando solicitado.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 24 de novembro de 2009


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Moacir Assunção


‘Judiciário precisa dar resposta à censura’


‘O presidente da Comissão de Combate ao Nepotismo da OAB-SP, Luciano Caparroz Pereira dos Santos, vê a censura ao Estado, que já perdura há 116 dias, como ‘um completo absurdo’. Na sua visão, em casos semelhantes o Poder Judiciário precisa adotar, a exemplo da Justiça Eleitoral, uma resposta rápida, de forma a se garantir o direito da cidadania de ter acesso a todas as informações que possam lhe ser úteis para a formação do juízo crítico.


‘Não dá para aceitar uma decisão dessas, ainda mais que se estenda por tanto tempo’, criticou ele. Desde 31 de julho, o Estado está proibido, por decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou e indiciou por vários crimes o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF) e deverá ser julgado pelo plenário da corte no próximo mês.


O advogado lamentou que exatamente o Judiciário que, segundo a Constituição, é o guardião dos direitos fundamentais, tenha sido o responsável pela censura ao jornal. ‘Não poderíamos jamais, nos dias de hoje, depois do fim da ditadura, sofrer com esses problemas de repressão à liberdade de informação’, disse Caparroz.


Para ele, os órgãos do Judiciário devem, ao contrário do que houve neste caso, evitar que a mordaça se instale mais uma vez no Brasil. ‘Em casos dessa natureza, a Justiça pode ser tardia e falha. É nosso papel coibir tentativas de calar a opinião’, alertou. Na opinião do advogado, a sociedade como um todo é prejudicada com atos de censura, não apenas o Estado ou qualquer outro veículo de comunicação vítima deste procedimento.


‘Desde o início desse caso do Estado, houve ilegalidades como o fato de o desembargador (Dácio Vieira) que determinou a mordaça e deveria ter se declarado impedido’, afirmou. Vieira mantém relações próximas com a família Sarney e chegou a atuar como consultor jurídico do Senado. Após o Estado ter entrado com recurso, o desembargador foi afastado e declarado suspeito por seus próprios pares.


RAPIDEZ


Processos usados pela Justiça Eleitoral que permitem a cassação de supostos ofensores das leis em um tempo mais rápido seriam, para Santos, uma saída para casos de censura semelhantes ao do Estado. ‘Jamais isso poderia demorar tanto tempo. É preciso oferecer uma resposta rápida à sociedade para evitar que casos como esses se tornem comuns.’


Liminar do Tribunal de Justiça do DF em ação movida por Fernando Sarney proíbe o jornal de publicar dados sobre a investigação da PF acerca de negócios do empresário, evitando assim que o ‘Estado’ divulgue reportagens já apuradas sobre o caso’


 


 


ITÁLIA


Revista elege Berlusconi ‘estrela do rock’ do ano


‘A edição italiana da revista Rolling Stone elegeu o premiê Silvio Berlusconi como a ‘estrela do rock’ do ano. Em sua edição de dezembro, a revista especializada em música costuma eleger uma personalidade que se distinguiu durante o ano por seu ‘temperamento rock’n roll’. ‘Il Cavaliere’ é capaz de estar sob os holofotes como ninguém e seu estilo de vida é digno das melhores estrelas do rock’, justificou o diretor da revista, Carlo Antonelli. ‘Rod Stewart, Brian Jones e Keith Richards, em seus tempos de ouro, eram novatos em comparação a ele.’ A publicação traz na capa um desenho de Berlusconi feito pelo americano Shepard Farey, que criou o famoso cartaz com o rosto do presidente dos EUA, Barack Obama, e a palavra hope (‘esperança’, em inglês), símbolo de sua campanha.’


 


 


CHINA


Cláudia Trevisan


Ativista chinês é condenado a 3 anos


‘A China sentenciou ontem a 3 anos de prisão um ativista político que tentou ajudar os pais de crianças que morreram soterradas no desabamento de suas escolas no terremoto de Sichuan, em maio do ano passado. Huang Qi, de 46 anos, foi condenado sob a acusação de possuir ‘segredos de Estado’, categoria que dá margem a um julgamento sem nenhuma transparência e é frequentemente utilizada contra os críticos do Partido Comunista.


Dirigente de uma organização de defesa dos direitos humanos e de um website que defende maior liberdade política, Huang Qi já havia sido preso em 2003 sob a acusação de ‘incitar a subversão’ – e só foi libertado em 2005. Na época, o ativista criticou a repressão aos estudantes que, em 1989, pediram reformas democráticas na Praça Tiananmen, em Pequim, no mais poderoso desafio à autoridade do Partido Comunista desde sua chegada ao poder, em 1949.


Huang Qi foi preso em junho do ano passado, algumas semanas depois do terremoto que, em 12 de maio, devastou a região central da Província de Sichuan e deixou pelo menos 80 mil mortos. Segundo as autoridades de Pequim, 5.335 vítimas eram estudantes que morreram no desabamento das escolas onde estavam – o tremor ocorreu no início da tarde, durante o horário de aulas.


O grande número de escolas destruídas levantou questionamentos sobre a qualidade das construções e suspeitas de corrupção e conluio entre construtoras e dirigentes locais do Partido Comunista para utilização de materiais de baixa qualidade nos edifícios.


REVOLTA


Grande parte das crianças mortas era de filhos únicos, o que agravou ainda mais a revolta dos pais. Huang Qi foi preso depois de oferecer ajuda a algumas dessas famílias.


Sua mulher, Zeng Li, que assistiu ao julgamento, disse que os responsáveis pela condenação nunca informaram qual segredo de Estado Huang Qi supostamente possuía. ‘Eu acredito que é uma vingança pelo terremoto e outras atividades dele. Mas a corte não me deu nem mesmo uma cópia da sentença’, disse Zeng à agência de notícias Reuters.


A decisão foi anunciada dias depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, visitar a China e defender maior respeito à lei e aos direitos humanos no país.


‘Huang Qi deveria ser tratado como um cidadão modelo, comprometido com o estado de direito, mas, em vez disso, ele se tornou vítima da vaga legislação chinesa’, afirmou Sam Zarifi, diretor para Ásia-Pacífico da Anistia Internacional. O advogado do ativista, Ding Xikui, disse que recorrerá da decisão.’


 


 


INTERNET


Dow Jones Newswires


News Corp. Negocia acordo com a Microsoft


‘A News Corp., uma das maiores companhias de mídia do mundo, tem discutido com a Microsoft uma parceria que poderia levar o grupo de Rupert Murdoch a remover seu conteúdo jornalístico da ferramenta de buscas do Google e publicá-lo nas propriedades online da Microsoft, segundo pessoas próximas ao assunto ouvidas pelo Wall Street Journal.


De acordo com essas pessoas, as conversas ainda estão em um estágio inicial e podem não resultar em um acordo. Entre as questões mais difíceis estão os termos sob os quais a Microsoft pagaria à News Corp. para publicar o novo conteúdo – que inclui o Wall Street Journal e o britânico The Sun. O Financial Times relatou as discussões entre as duas companhias em seu site. Não está claro se as conversas incluem os sites não jornalísticos da News Corp., como a rede social MySpace e a rede de televisão Fox.


As discussões são mais um sinal da crescente tentativa das empresas de notícias de encontrar novas fontes de receita para suas reportagens e informações online, em resposta aos desafios impostos pela internet. Embora um acordo com a Microsoft seja um novo meio de a News Corp. receber pagamento pelo conteúdo, a companhia arriscaria perder uma grande audiência caso seus textos não fiquem disponíveis para os usuários do Google.


Junto com a Associated Press e outras empresas, a News Corp. também tem criticado o Google e outros portais por usar partes de suas notícias para fazer links com os sites das empresas jornalísticas. O Google e outros portais dizem que têm o direito de publicar pedaços dos textos, o que ajuda a levar os usuários para os sites de notícias.


Os esforços da Microsoft para tornar-se um grande player no mercado de buscas e seus recursos financeiros fazem da companhia uma alternativa ao Google potencialmente atraente para as editoras que procuram meios de cobrar por seu conteúdo.


A companhia vem ganhando pequenas fatias de mercado desde que lançou a nova versão de sua ferramenta de busca, chamada Bing, no início deste ano. A Microsoft foi responsável por 9,9% do mercado de buscas dos Estados Unidos em outubro, enquanto o Google teve 65,4%, de acordo com a comScore.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Huck x Gugu


‘Um verdadeiro barraco online envolvendo Luciano Huck e o diretor do Gugu, Homero Salles, acabou em confusão na Globo e provas apagadas na web.


A confusão começou quando durante o Programa do Gugu, anteontem, na Record, Luciano Huck postou no seu Twitter; ‘Vou acreditar que 80% do Programa do Gugu é uma ‘homenagem ao Caldeirão ! Agora o Gugu quer ‘se inspirar’ também no Lata Velha! Tem gente que acha que povo é burro.’


Homero Salles, diretor de Gugu, entrou na briga via Twitter chamando Huck de ‘copiador de mão cheia.’


‘Deixa de ser babaca… Você dirige um táxi que o Gugu dirigia e pensa que pode falar dos outros?’, escreveu Salles no Twitter.


Diante da confusão, Luciano apagou as mensagens do Twitter. Há meses a Globo vem tentando que seu cast siga um manual de conduta na web, que, entre as regras, proíbe citar a concorrência.


Huck garante que apenas fez um comentário pessoal e o apagou quando soube que Homero se sentiu ofendido. A Globo, por meio de sua assessoria, diz que suas políticas internas dizem respeito só ao relacionamento da rede com seus contratados.’


 


 


 


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