Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mais de 100 mil pagam por sites de Murdoch

A News Corp., do empresário Rupert Murdoch, informou ontem que atraiu 105 mil clientes pagantes para a versão digital dos jornais The Times e The Sunday Times, de Londres, desde que começou a cobrar pelo acesso a seus sites em junho.

A companhia disse que ‘cerca da metade’ desses clientes eram assinantes regulares, ativos, dos sites dos jornais, versões para iPad ou edição para Kindle. O restante são compradores ocasionais. Outros 100 mil leitores ativaram as contas digitais gratuitas que estão incluídas nas assinaturas dos jornais impressos, segundo a News Corp.

A iniciativa da News Corp. vem sendo atentamente observada por analistas da mídia e anunciantes porque The Times e The Sunday Times estão entre os primeiros jornais de interesse geral proeminentes a erigir pay walls (muros de cobrança), em torno de seu conteúdo digital. Outros jornais também estão agindo para introduzir serviços pagos na medida que a publicidade online tem ficado aquém das expectativas dos publishers de que ela possa algum dia substituir a minguante receita publicitária na mídia impressa.

‘Esses números mostram claramente que grandes quantidades de pessoas estão dispostas a pagar por jornalismo de qualidade em formatos digitais’, disse Rebekah Brooks, presidente-executiva da News International, o braço baseado em Londres da News Corp. que publica os jornais The Times.

A News Corp., que já cobra pelo acesso a The Wall Street Journal, estendeu recentemente seus planos de cobrar por conteúdo comandados por Murdoch, ao colocar outro jornal britânico, o tabloide News of the World, por trás de um muro de cobrança.

Finanças

A sabedoria convencional entre analistas de mídia é que seria difícil persuadir leitores a pagarem por noticiários gerais online, dada a profusão de notícias gratuitas disponíveis na web. Por contraste, algumas publicações especializadas em áreas como negócios e finanças tiveram um sucesso moderado com muros de cobrança.

O Financial Times, por exemplo, diz que atraiu 189 mil clientes pagantes para seu site, que usa um modelo que dá aos leitores online um número limitado de artigos gratuitos todo mês antes de começarem as cobranças.

The New York Times, que publica o International Herald Tribune, disse que pretende adotar uma abordagem similar quando começar a cobrar por seu site no próximo ano.

Nos jornais britânicos da News Corp., os muros de cobrança são menos porosos, requerendo que os leitores paguem para ver qualquer coisa além das primeiras páginas. O Times e o Sunday Times cobram 1 libra (cerca de R$ 2,75) por dia, ou 2 libras por semana, pelo acesso. A versão para iPad custa 9,99 libras (US$ 16 ou R$ 27,50) por mês.

Quando adotou o modelo pago, a News Corp. estimou que o número de visitantes dos sites do The Times e The Sunday Times cairia 90%. Na verdade, o tráfego parece ter caído um pouco menos que isso. A Nielsen, agência de aferição de audiência de mídia, disse na semana passada que o número médio de visitantes únicos mensais dos sites dos jornais da Grã-Bretanha caiu 42%, para 1,78 milhão, no terceiro trimestre, depois do surgimento dos muros de cobrança.