A explosão de redes sociais online, como Twitter e Facebook, vem causando profundas modificações no panorama da interatividade na web. Apontar para onde evoluirá o mercado das redes sociais é uma tarefa bem complexa e um dos analistas mais bem sucedidos nesse exercício de oráculo tem sido Mark Suster, da GRP Partners. Em recente palestra proferida no fórum de empresas Caltech/MIT, transcrita no site TechCrunch, Suster falou sobre o futuro das redes sociais, arriscando algumas previsões.
Segundo ele, a principal tendência dessas redes é que seu acervo de informações se tornará portátil, diferentemente da situação atual, em que a maior parte dessa massa de dados parece ter sido ‘capturada’ pelo Facebook. Suster afirma que o próprio site tem sofrido pressões no sentido de oferecer um sistema de portabilidade para esses dados, que poderiam ser levados para outras redes sociais. Uma vez que os usuários e a sociedade como um todo não aceitarão que uma única empresa retenha para si tantas informações vitais, o Facebook deverá ceder à pressão para liberar esses dados sem que os internautas precisem lotar as caixas de mensagens de seus amigos com avisos de suas migrações, acredita Suster.
Uma arquitetura mais fechada
O especialista prevê também que os usuários optarão por participar de redes ‘verdadeiras’, como HackerNews, Namesake, Quora e StockTwits. Afinal, desde 2006 o internauta vem sendo compelido a participar de uma única grande rede social, num dado momento. Que o digam os antigos usuários do Orkut, aqui no Brasil, ou os adeptos do MySpace original, no estrangeiro. ‘Ninguém existe em apenas uma rede social’, observa Suster. ‘O usuário quer e precisa manter diferentes redes estanques, separando distintamente os ambientes profissional, de lazer, familiar etc. O Facebook embaralhou todos esses ambientes num só, e vem tentando consertar o erro criando grupos dentro da rede, mas isso não resolverá o problema.’
As questões de privacidade também impulsionarão mudanças de peso no ambiente das redes sociais. A deturpação do conceito de ‘amigo’, no mundo online, faz com que usuários tenham várias centenas de pessoas em seu universo particular de contatos, quando na vida real esse número é muito menor. Diante disso, alguns sites estão radicalizando, como o Path. com, que só permite um máximo de 50 amigos. Outros, como o Diaspora, ainda em fase de testes, com ingresso apenas por convite, apostam numa arquitetura mais fechada, contrapondo-se à filosofia do Facebook.
A camada de mapeamento
‘Na verdade, o Facebook deveria ter criado duas divisões, a rede privada e a rede pública’, opina Suster. O analista acredita que o alcance das redes sociais vai se tornar algo quase onipresente, especialmente com a implementação do acervo portátil. Isso já acontece em sites como Pandora, em que os contatos de um usuário aparecem instantaneamente e seus gostos musicais surgem sem que se solicite. No próprio site do New York Times, o usuário cadastrado recebe de seus amigos recomendações de artigos sem que tenha configurado essa opção.
Outra tendência interessante é a reorganização da internet em camadas, quase como numa cebola, sendo o nível interno dedicado ao armazenamento e ao processamento de informações. ‘Nas camadas mais externas ficará a lógica de cada negócio, criada por empresas start-ups e por companhias de tecnologia já bem estabelecidas’, antevê Suster.
O analista aponta ainda outras camadas intermediárias, como a de mapeamento, em que as redes já vêm dando atenção especial à localização geográfica do usuário, especialmente com quase qualquer smartphone sendo dotado de GPS e de posicionamento fornecido pela rede de telefonia celular.
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Jornalista