Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mordaça em vereadora

É preciso denunciar o que os três jornais de Uberaba mostraram hoje (28/5). A vereadora Marilda Ribeiro (PT) foi proibida pelo juiz eleitoral de usar a palavra, isso mesmo, usar a palavra em reunião que discutiria o reajuste dos servidores públicos municipais com os servidores. Reunião agendada por ela mesma. O juiz alega que isso seria propaganda eleitoral extemporânea. A vereadora foi à reunião com uma mordaça. Se quiserem ver as fotos podem acessar os jornais da cidade (jornaldeuberaba.uai.com.br, jmonline.com.br, cidadelivre.com.br).

Denis Silva de Oliveira, jornalista, Uberaba, MG



CENSURA AO LEITOR
Um tema para debate

O tema censura é candente para quem milita na imprensa e para o público em geral. É condição essencial num regime democrático, e todos se colocam contra qualquer tentativa de cerceamento. O alvo é geralmente o governo. Mas há um tipo de censura ou manipulação da opinião pública que é praticado pela mídia de forma pouco aparente, e de que quase ninguém se dá conta: é o trabalho de edição das seções de cartas dos leitores, que são usadas para dar a entender o que pensam os leitores. Da forma como são selecionadas e editadas essas opiniões deixam de ser ‘públicas’ e passam a ser ‘publicadas’, no interesse do veículo. Transcrevo a seguir uma carta enviada por mim ao Globo, auto-explicativa. É um tema para debate.

Sérgio de Souza Tôrres, administrador, Rio de Janeiro

A guerra da Rocinha – Seria educativo que o editor da Seção de Cartas dos Leitores explicasse ao Sr. Luiz Antônio Oliveira Figueiredo, Cartas, 14/4, que o que sai no jornal não é o que as pessoas escrevem, mas sim o que o jornal decide que deve tornar público. Selecionam e editam o que deve ser visto, apoiados no argumento real de que não podem publicar tudo que recebem. Fazem isso obedecendo às idiossincrasias e interesses dos múltiplos corpos editoriais e administrativos, que se distribuem ao longo de um continuum que se coloca entre dois extremos: De um lado, o interesse comercial, do outro também.

Portanto, não se trata de opinião pública, mas de opinião publicada. No caso, eu mesmo estou cansado de escrever sobre o óbvio: só há tráfico porque há consumo. E a sociedade é co-responsável por estimular as drogas lícitas e ilícitas cultivando a transgressão em nome de uma suposta irreverência não-conformista. O assunto rende, mas estamos falando é de jornalismo. A indução ao alcoolismo nas propagandas de cerveja passou em branco (nem uma mísera carta? Só eu mandei umas cinco!) e só foi objeto de regulamentação por iniciativa do Conar. O que, diga-se, não adiantou nada. O mercado de cerveja da forma que é divulgado é um paradoxo que age para matar o seu público-alvo, o jovem consumidor na flor da idade.

Qual o veículo que vai se colocar contra isso, numa hora em que grande parte está tentando alcançar as tetas do Lessa no BNDES? Desprezar a grana da Ambev? Nem pensar. O Luiz Garcia vai dizer que essa é uma péssima forma de fazer jornalismo. Mas que se alguém souber de outra melhor, que avise. Eu, simples leitor, estou de acordo. Só que, como leitor, eu entendo o que se passa. Outros, não. E, o que é pior, tem jornalista que pensa que o que sai nas Cartas é opinião pública. É o tal do auto-engano, acho que do Gianetti. Sérgio de Souza Tôrres



ORIENTE MÉDIO
Anti-semitismo e ignorância

Esse e-mail é para manifestar meu profundo pesar pela desinformação, ignorância e apelo barato às teorias conspiratórias que proliferam na imprensa brasileira quando se fala do conflito do Oriente Médio. Hoje, 24 de maio de 2004, o jornal Diário Catarinense, de Florianópolis, publicou artigo de Urda Alice Klueger que ilustra o que descrevi acima, exemplo de mau jornalismo e mau colunismo. Abaixo, cópia de minha carta de protesto ao jornal.

Heloiza Golbspan Herscovitz, professora de Jornalismo da UFSC

A coluna de Urda Alice Klueger de 24 de maio de 2004, intitulada ‘Indiferença ao genocídio’, é um exemplo clássico de ignorância, preconceito, anti-semitismo e desinformação. Certamente a autora, com direito a opinião, deveria rever as teorias de responsabilidade social e ética que norteiam o trabalho dos bons jornalistas, incluindo-se aí os comentaristas e articulistas, pois desrespeita os cânones básicos do bom jornalismo que supõe uma visão objetiva e equilibrada das questões públicas. Baseando sua opinião sobre um conflito tão complexo e doloroso para os dois lados na visão do relato de uma amiga e a partir daí concluindo que o povo judeu é o grande culpado pela situação do Oriente Médio, Urda Klueger banaliza a questão, omite o papel dos terroristas suicidas e ignora o histórico e o contexto da guerra civil na região para concluir que tudo não passa de mais uma armadilha norte-americana. Mais uma vez os que preferem enxergar só um lado da questão aliam-se aos proponentes de falsas teorias conspiratórias para explicar uma visão míope da realidade.

Então vamos por partes. Israel não tem petróleo. Ariel Sharon não é presidente de Israel, e sim primeiro-ministro. Muita gente em Israel é contra sua política de ocupação dos territórios. Muita gente em Israel é contra a política de George Bush no Oriente Médio. Mas é impensada a afirmação de que Sharon ‘tem contra si toda a opinião do planeta’. Onde mesmo a autora do artigo encontrou estatísticas sobre esse dado? E Yasser Arafat, teria a aprovação de toda a opinião do planeta? A autora em nenhum momento menciona os ataques terroristas contra a população israelense, os atentados a bomba, as organizações terroristas palestinas. Que genocídio é esse? Só os israelenses matam? E os árabes fazem o quê? São apenas vítimas? A autora ignora o noticiário sobre o Oriente Médio que mostra os dois lados da violência?

Empatizo com a situação vivida por sua amiga Magda e também pelo povo palestino, vítima da mesma situação vivida pelo povo israelense. Mas vamos com calma. Não se pode inferir conclusões nem atribuir culpas à situação do Oriente Médio com base na experiência da amiga Magda. Recomendo que a autora leia mais história e geografia para se informar sobre a questão. É ofensiva a forma como a autora cita os ‘judeus’. Quem seriam os ‘judeus’ que esperavam por Magda num aeroporto da Europa, como se refere a autora? Será que eles usavam estrelas amarelas costuradas às roupas como nos campos de concentração? Ou usavam uniformes do exército israelense e portanto deveriam ser chamados de soldados do exército israelense? Ou a amiga Magda apenas supôs que eram ‘judeus’ e a autora comprou a versão? E o que a autora quer dizer com ‘judeus’ exatamente? Questões para pensar, principalmente por aqueles que acreditam que a ignorância e o preconceito têm efeitos devastadores na opinião pública, como a história já demonstrou. Heloiza Golbspan Herscovitz



DIREITO DO CONSUMIDOR
Universo a divulgar

A única coisa que o governo deve fazer é impor a obrigatoriedade da divulgação das leis, em caso de serviços e bens diversos, e as portarias relativas aos setores dos serviços essenciais, como as companhias de telefonia, energia e água e esgoto. Como os senhores da comunicação estão focando esse assunto, cabe divulgar, em coluna nos jornais ou cinco minutos na TV e no rádio. Principalmente as portarias relativas às empresas dos serviços essenciais. O povo não gosta mais de ler e nem tem mais ânimo para ir à luta. Por que não divulgar direitos e deveres de todo esse universo?

Eugenia Barbosa Braga, dona-de-casa, Recife



TELEDRAMATURGIA
Datas da imigração japonesa

Acertando a informação: a imigração japonesa para o Brasil começou em 1908 (ano 41 da Era Meiji), com o Kasato Maru. A NHK foi fundada em 1926 (ano 15 da Era Taisho). Já a TV NHK é de 1953 (ano 28 da Era Showa).

Marcello Sudoh, sociólogo, Rio de Janeiro